Os homossexuais e bissexuais residentes na Suíça vão poder dar sangue a partir de julho, mas só se não tiverem tido relações sexuais nos 12 meses anteriores.

A mudança da "suspensão definitiva" para a "suspensão temporária" coloca assim este país da Europa Central em linha com outros países europeus, como Portugal, França ou Reino Unido.

A proibição de doações de homens que têm sexo com homens (HSH) vigorava em vários países desde a descoberta do vírus de imunodeficiência humana, VIH, no princípio dos anos 1980. No caso da Suíça, contudo, ela foi imposta em 1977, antes da descoberta do vírus.

A mudança foi aprovada pela Agência Suíça para os Produtos Terapêuticos (Swissmedic), uma entidade reguladora federal, depois de um pedido apresentado pelo departamento da Cruz Vermelha responsável por produtos sanguíneos.

Em comunicado, a Swissmedic indicou que os homens homossexuais e bissexuais ainda apresentam um risco desproporcionado de contrair o VIH, correspondendo a cerca de metade de todos os novos casos no país.

As novas orientações, no entanto, "não vão aumentar o risco dos recetores de transfusões de sangue", assegurou, acrescentando que os progressos tecnológicos nas análises permitem detetar com muito mais facilidade agentes infecciosos.

A condicionante que afasta os dadores que tenham tido o último contacto sexual há um ano depende inteiramente da honestidade dos potenciais dadores, pelo que a Swissmedic pede às pessoas que respondam "com sinceridade" ao questionário obrigatório para todos os dadores.

Para o diretor do departamento da Cruz Vermelha responsável por produtos sanguíneos, Rudolf Schwabe, as novas orientações correspondem a "uma primeira mudança num regulamento discriminatório", mesmo que esteja "longe de ser perfeita".