Falando à Lusa à margem de uma audição na Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar, a diretora da associação, Ana Cristina Tapadinhas, disse que os estudos feitos desde 2013 apresentaram sempre "resultados preocupantes e inquietantes", com carne conservada a temperaturas demasiado altas, micro-organismos nocivos para a saúde e uso ilegal de sulfitos como conservantes.

"Os problemas que encontrámos em 2013, voltámos a encontrar em 2015 e 2017", afirmou a responsável, indicando que a Deco espera que dentro de seis meses haja resultados da campanha de fiscalização e informação a operadores e talhos defendida no âmbito da Comissão de Segurança Alimentar, em que a associação participa.

Uma das soluções, que a Deco tem advogado, é proibir completamente a venda de carne previamente picada nos talhos, e poderá voltar a estar em cima da mesa daqui a seis meses, indicou.

Ana Cristina Tapadinhas afirmou que este ano, depois de em janeiro a Deco divulgar um estudo sobre a venda de carne picada em hambúrgueres em talhos de Lisboa e Porto, se tomaram passos inéditos no sentido de aumentar a fiscalização.

Grupo de trabalho no Parlamento

Na Comissão de Segurança Alimentar, criou-se um grupo de trabalho específico para este problema e "acautelar um bem tão importante como a saúde pública", para o que a Deco contribuiu com o estudo, uma "fotografia do momento". "Temos que aguardar", declarou, defendendo que o setor tem que ser mais fiscalizado e que, se não houver resultados no prazo que a Deco considera razoável, a associação acha necessária legislação para ser mais regulado.

No estudo sobre a carne picada vendida em forma de hambúrgueres, a Deco desaconselhou no fim de janeiro a compra deste formato, apontando as temperaturas a que a encontrou armazenada, mais elevadas do que o permitido por lei, a presença de bactérias de origem fecal e 'salmonella' e de sulfitos não declarados como conservantes, que são alergénicos para algumas pessoas.