Elaborado pela Kantar para a Centromarca - Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, o inquérito revela que “o alerta dos portugueses tem vindo a intensificar-se relativamente ao impacto negativo [da crise pandémica] na economia”, nomeadamente quanto “ao possível colapso da segurança social e à perda de emprego”.

Segundo as conclusões do trabalho, “também o padrão de consumo sofreu alterações com o estado de calamidade”, verificando-se, nas semanas de 03 a 17 de maio, uma “maior presença dos portugueses nas lojas, com uma diminuição acentuada no tamanho das cestas (que, ainda assim, se mantém superior ao padrão pré-covid)”.

“O desconfinamento e uma maior mobilidade geram um comportamento de compra mais próximo do que se verificava antes da pandemia, com um maior número de visitas às lojas e, consequentemente, um volume de compras um pouco inferior em cada uma dessas visitas. É de salientar ainda que – ao contrário do que se verificava até ao início desta crise – os portugueses preferem realizar agora as suas compras nos dias de semana e não ao fim de semana como anteriormente”, afirma o diretor-geral da Centromarca, Pedro Pimentel, citado no comunicado.

Relativamente às compras no setor de ‘Fast Moving Consumer Goods’ (FMCG – bens de grande consumo), as conclusões do inquérito apontam que “as medidas de segurança nos locais de compra e na forma como os portugueses consomem aumentaram”.

Segundo a Kantar, há uma maior compra de produtos locais, um menor tempo passado nas lojas e uma opção por lojas mais perto de casa, assumindo os inquiridos que estão “em fase de ‘desconfinamento’, mas controlado”, evitando a utilização de transportes públicos e locais de muita afluência.

“O tipo de produtos comprados, o tempo passado dentro das lojas e a ida aos estabelecimentos físicos mostram-nos o impacto direto que o ‘desconfinamento’ tem nos novos hábitos dos portugueses”, explica Marta Santos, ‘manufacturers sector director’ da Kantar.

Em relação às rotinas fora de casa, os portugueses afirmam pretender passar férias em Portugal, mas diminuir os gastos na área da restauração e em bares, bem como em atividades de lazer.

“Uma parte substancial da população ainda apresenta algum receio de regressar a atividades de consumo fora do lar. Acreditamos que é importante manter um comportamento prudente e responsável, mas que é necessário amenizar medos excessivos que podem dificultar o regresso e atrasar a necessária recuperação económica do país”, salienta o diretor-geral da Centromarca.

O inquérito foi realizado numa amostra de 4.000 lares participantes, representativos de Portugal Continental e dispersos em mais de mil pontos de sondagem, que declararam as suas compras ao longo das 20 primeiras semanas de 2020.

Os resultados apresentados têm um nível de confiança de 95%, com erro amostral associado de 1,96%.

Fundada em junho de 1994, a Centromarca reúne 52 associados detentores de mais de 1.100 marcas que, em conjunto, representam um volume de vendas anual no mercado nacional da ordem dos 6.500 milhões de euros, empregando mais de 25 mil pessoas.

Portugal contabiliza 1.369 mortos associados à COVID-19 em 31.596 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje. Relativamente ao dia anterior, há mais 13 mortos (+1%) e mais 304 casos de infeção (+1%).

O país entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.