Ele já nasceu em Gütersloh, ela é de Coimbra, mas mudou-se para a Alemanha há sete anos. A vontade foi sempre de casar em Portugal e, pouco antes da chegada da pandemia de covid-19 ao continente europeu, terminaram todos os preparativos. Começaram a somar-se os casos e o encerramento de fronteiras.

“A minha namorada começou a dizer que era melhor não casarmos. Eu preferia casar já este ano, assim ela já não me fugia mais, mas tenho de lhe dar razão, não fazia muito sentido”, comenta, entre risos.

Agora, explica André Loureiro à agência Lusa, a decisão está tomada, a cerimónia, em Vila do Conde, e o copo de água, na Póvoa de Varzim, inicialmente previstos para 23 de julho, só vão acontecer em 2021.

“O sítio que tínhamos marcado pediu-nos para esperar até 15 de maio, data prevista para o anúncio das novas medidas de desconfinamento em Portugal. Depois disseram-nos que podíamos casar lá, mas os empregados teriam de usar máscara e as mesas teriam de estar separadas”, descreveu.

Da paróquia também chegou luz verde, mas todos teriam de usar máscara, menos os noivos.

“Começámos a pensar nos nossos avós, nas pessoas mais velhas, não nos íamos poder abraçar, nem dançar, não ia ser festa nenhuma. Decidimos adiar para o próximo ano”, justifica o filho de portugueses, com 32 anos.

Na quinta, “aceitaram a mudança sem qualquer problema”, mas vão ter de pagar um suplemento pela nova data.

“Temos de ter cuidado para não engordar até lá”, volta a rir André, explicando que o vestido de noiva e o fato do noivo já estão comprados.

“O pior são os convidados”, acrescenta, cerca de uma centena confirmou a presença, muitos, a residir na Alemanha, já compraram as viagens de avião e os hotéis.

“Este ano também não vamos de férias a Portugal, temos muita pena, mas é o melhor. Vamos todos os anos, mas desta vez não vai ser possível”, sublinha, destacando que alguns familiares têm mais de 90 anos.

A lua-de-mel também terá de esperar. “Tínhamos pensado ir ao Brasil, mas é outro plano que vai ficar para outra altura”, desabafa.

A Alemanha regista, desde o início da pandemia de covid-19, quase 200 mil casos de covid-19 e mais de 9 mil vítimas mortais.

 A pandemia de covid-19 já provocou mais de 566 mil mortos e infetou mais de 12,79 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.660 pessoas das 46.512 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.