“A nossa grande ambição, e por isso criámos o ‘slogan’ ‘Uma agenda para a década’, é durante os próximos 10 anos acompanharmos o processo de desenvolvimento do sistema de saúde português”, disse à agência Lusa Eurico Castro Alves, presidente da comissão organizadora da Convenção Nacional da Saúde, que decorre terça-feira em Lisboa.

Para isso, está a ser estudado um sistema com “dezenas ou centenas de indicadores” que permita medir esta evolução.

“Eu tenho a ambição de poder produzir um relatório anual em que podemos acompanhar e medir a evolução do sistema de saúde e com isso dar um contributo que é ajudar a identificar o que precisa urgentemente de ser mais melhorado”, mas também “as melhorias” que favoreceram os cidadãos nos serviços de saúde”, salientou.

O objetivo é “poder acompanhar o sistema que acreditamos que, na próxima década, será seguramente melhor, mais eficaz, mais seguro e com muito maior acesso aos cidadãos”, disse Eurico Castro Alves.

A Convenção Nacional da Saúde nasceu em abril de 2018 assumindo-se, desde logo, como uma plataforma permanente de diálogo entre os parceiros da saúde e os cidadãos, reunindo mais de 150 entidades do setor público, privado e social que atuam na área da saúde.

Eurico Castro Alves sublinhou que a convenção tem uma componente “inédita e histórica” ao conseguir juntar todas as instituições do setor na “procura de consensos” para melhorar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Cada grupo tem os seus interesses muito específicos, sendo muitas as diferenças e os interesses, mas há “muitos pontos” em que estão de acordo e é isso que a convenção pretende salientar com o objetivo de contribuir para a resolução de problemas no SNS.

“Nós sabemos que há um problema de subfinanciamento no SNS, que há um problema de reestruturação e de reorganização que têm de ser resolvidos rapidamente e, portanto, queremos encontrar pontos de consenso que levem a que todos estejam de acordo nas grandes mudanças que têm de ser feitas para o futuro do Serviço Nacional de Saúde e para o sistema de saúde português, desde logo apostando num princípio muito importante, o da complementaridade”, defendeu.

Eurico Castro Alves sublinhou que “o setor público é essencial, imprescindível à prestação dos cuidados de saúde dos portugueses”, mas defendeu que “o setor privado e o setor social têm, cada vez mais, um papel igualmente importantíssimo”.

No seu entender, esta complementaridade permite que “o serviço possa ser muito melhor em termos de acesso e qualidade aos portugueses”.

No fundo, o que a convenção procura é encontrar “pontos de acordo” que permitam aos decisores políticos tomar medidas e encontrar as soluções necessárias para manter e melhorar o serviço de saúde, que “está entre os melhores do mundo”, mas que ainda tem muito para melhorar e muitos problemas para resolver.