"As artérias coronárias são responsáveis pelo fornecimento de oxigénio ao coração e quando uma destas artérias fica obstruída e impede a passagem do sangue, provoca uma redução de oxigénio no músculo cardíaco, provocando lesão e morte celular de parte deste tecido, desencadeando o enfarte agudo do miocárdio", explica Severo Torres, coordenador da Unidade de Cardiologia do Hospital Lusíadas Porto.

"A principal causa do enfarte do miocárdio deve-se à acumulação de gordura e de outros componentes nas paredes das artérias coronárias, formando as chamadas placas de ateroma, capazes de obstruir os vasos sanguíneos e impedir o fluxo de sangue a partir daquele local", acrescenta o cardiologista, afirmando ainda que “esta doença cardiovascular é a causa de morte de mais de quatro mil portugueses todos os anos".

O principal sinal de alerta é a dor no meio do peito, que se pode estender para um ou para os dois braços, para as costas, pescoço, maxilar ou estômago, seguindo-se de outros sintomas como fraqueza ou fadiga inexplicáveis, falta de ar, suores, náuseas, vómitos, palidez e desmaio.

Rastreios a partir dos 40 anos

"O rastreio dos fatores de risco cardiovascular na população assintomática deve ser feito nos homens a partir dos 40 anos e nas mulheres a partir dos 50 anos ou após a menopausa. Um jovem sem sintomas, sem fatores de risco (nos quais se incluem os antecedentes familiares), com um exame físico sem alterações e um eletrocardiograma normal terá pouca probabilidade de ter qualquer alteração cardiovascular. Na presença de fatores de risco e de acordo com a avaliação do risco global, serão definidos os necessários exames complementares, que poderão incluir o eletrocardiograma, o ecocardiograma, a prova de esforço, o doppler carotídeo, a tomografia axial computorizada cardíaca, a ressonância magnética nuclear cardíaca e outros mais específicos, decorrentes de eventuais alterações detetadas nestes exames prévios", acrescenta o cardiologista.

Para prevenir a doença, o especialista aconselha: “fazer cinco refeições por dia, privilegiando o consumo de vegetais, fruta, cereais e peixe, beber um litro e meio de água por dia, fazer exercício, dormir cerca de seis a oito horas por dia e evitar bebidas alcoólicas e alimentos salgados ou ricos em gorduras e açúcares”.