Na globalidade, as novas drogas ou substâncias psicoativas continuam a ser vistas como “um desafio considerável para a saúde pública”, apesar de estarem a surgir novas substâncias a um ritmo mais lento do que nos anos anteriores. Estas substâncias, que não são abrangidas pelo controlo internacional de drogas, incluem uma vasta gama de substâncias sintéticas.

Em 2016, foram detetadas 66 novas substâncias psicoativas na União Europeia, quando em 2015 tinham sido identificadas 98. Ao todo, 620 substâncias eram monitorizadas pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. Quanto às apreensões, foi efetuado um número recorde em 2015 de cerca de 80 mil apreensões destas novas drogas, quando em 2012 esse número ia pouco além das 30 mil apreensões. A alteração do estatuto legal destas substâncias e o conhecimento da sua existência são alguns dos fatores que têm feito aumentar o número das apreensões.

Segundo o relatório, mais de um quarto da população europeia já experimentou drogas ilícitas. Por outro lado, mais de 700 pessoas por mês morreram por 'overdose' na Europa em 2015, número que tem crescido nos últimos três anos.

Apesar de o ritmo da introdução de novas drogas estar a abrandar, há indícios de que a sua oferta e consumo possam estar a aumentar entre os consumidores mais crónicos e marginalizados. “A utilização problemática de novas substâncias psicoativas está a tornar-se mais evidente em certos contextos e entre algumas populações vulneráveis. Por exemplo, o consumo de catinona injetável entre consumidores antigos e atuais de opiáceos tem sido associado a níveis mais elevados de problemas de saúde física e mental”, refere o relatório que hoje é divulgado.

O mercado das drogas ilícitas na União Europeia vale cerca de 24 mil milhões de euros por ano, mais do que as vendas mundiais de música num ano.

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Na maioria dos casos, estas novas substâncias são comercializadas como substitutos “legais” de drogas ilícitas. São geralmente produzidas a granel por empresas químicas e farmacêuticas da China, de onde são expedidas para a Europa, sendo transformadas em produtos, embaladas e vendidas.

Há também casos em que as substâncias têm origem em medicamentos que são depois desviados da cadeia legítima ou produzidos ilegalmente. Segundo o Observatório, os dados disponíveis sugerem ainda um aumento de produção das novas substâncias psicoativas em laboratórios clandestinos na Europa.

Em Portugal existe, há quatro anos, legislação que proíbe estas novas substâncias, o que teve como consequência o encerramento das lojas conhecidas como ‘smartshops’. Apesar disso, mesmo nos países em que há legislação, as novas drogas continuam a ser vendidas ilegalmente nas ruas e também na internet.