Graça Freitas refere que, nas últimas 24 horas, houve três casos suspeitos de coronavírus em Portugal, mas nenhum foi confirmado pelas autoridades de saúde. A notícia é avançada pela Rádio Renascença.

"Tivemos três casos possíveis, um deles esta noite e os outros ontem, de pessoas que tinham a preocupação, perante sintomas e vindas da China. Esses casos não foram validados, não passaram pelo crivo médico e seguiram a sua vida normal", afirmou a Diretora-Geral da Saúde.

Em declarações aos jornalistas, Graça Freitas afirmou que os portugueses devem estar atentos, mas tranquilos. “O Ministério da Saúde e a Direção Geral da Saúde, com os seus parceiros (…) têm planos de contingência que são regularmente testados e que nos permitem dizer que nós estaremos preparados para detetar precocemente um possível caso que venha para Portugal e, perante essa deteção, fazer o isolamento, o diagnóstico laboratorial e eventual tratamento, contendo a exportação", disse a Diretora-Geral da Saúde.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

Portugal já acionou os dispositivos de saúde pública devido ao coronavírus proveniente da China e tem em alerta o Hospital de São João, no Porto, o Curry Cabral e Estefânia, em Lisboa.

A China anunciou esta sexta-feira (24.01) o encerramento de partes da Grande Muralha da China para evitar a propagação da infeção.

O novo tipo de coronavírus detetado no mês passado na cidade de Wuhan já foi registado em 29 das 31 províncias da China, segundo autoridades de saúde locais.

Em Wuhan já se constrói um novo hospital para albergar os doentes deste novo surto, informa a agência de notícias France-Presse.

40 milhões de cidadãos isolados

Mais de 40 milhões de chineses estão isolados nas suas cidades, esta sexta-feira (24.01), depois da imposição de restrições de transporte em outras quatro localidades para evitar a propagação do coronavírus, que já matou 26 pessoas e contaminou outras 800 no gigante país asiático.

Ao todo, 13 prefeituras adotaram medidas de isolamento na região de Wuhan (centro), a metrópole de 11 milhões de habitantes, onde se detetou o vírus em dezembro.

O novo vírus, que causa pneumonias virais foi detetado na China no final de 2019. Além da China, foram já detetados casos em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Vietname, Japão e Estados Unidos.

O Comité de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu não declarar, para já, emergência de saúde pública global, receando que seja demasiado cedo.

A história da proliferação do vírus em imagens

Autoridades atentas

Em Portugal, tal como suprareferido, Direção-Geral da Saúde anunciou a ativação dos dispositivos de saúde pública de prevenção, enquanto o Centro Europeu de Controlo de Doenças elevou para ‘moderado’ o risco de contágio na União Europeia, continuando a monitorizar a situação e a realizar avaliações rápidas de risco.

Sobre as medidas a aplicar nos aeroportos, designadamente o rastreio de passageiros, Graça Freitas disse que essa medida, para já, não é aconselhada pela Organização mundial da Saúde e que é “uma tarefa do país de origem da doença (China), que tem de rastrear todos os passageiros que possam estar doentes na altura do embarque”.

“Depois, há um protocolo com os aviões e com os navios que faz com que um tripulante que detete um doente a bordo comunique ao comandante, que comunica com terra… o rastreio à entrada é só por um período muito curto e, como medida de saúde publica, não é a principal medida que nós podemos ter”, disse.

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“Não quer dizer que não a tomemos no futuro [a medida do rastreio de passageiros nos aeroportos], mas, para já, o que vamos fazer, com o Alto Comissariado para as Migrações, é afixar cartazes para que os passageiros, logo no aeroporto, tenham conhecimento de que, se tiverem sintomas e se vierem de uma área afetada, a menos que a sua situação clínica seja muito grave, têm como conselho principal ligar para o SNS24 (808 24 24 24)”, explicou.

Graça Freitas sublinhou ainda que a capacidade das autoridades de saúde portuguesas para tratar casos “é boa, das melhores do mundo” e que é preciso “aguardar com tranquilidade a evolução do surto”.

“Os médicos, nos hospitais ou centros de saúde, têm uma linha de apoio e estão igualmente preparados para uma suspeita – têm uma linha de apoio médica para validar ou não os casos”, explicou ainda, dizendo que as autoridades já avaliarem três pedidos, que não foram validados e, por isso, as pessoas “seguiram a sua vida normal”. “Se o risco escalar teremos de escalar as medidas, mas isso é noutra etapa e nessa altura falaremos”, acrescentou.

Os primeiros casos do vírus “2019 – nCoV” apareceram em meados de dezembro na cidade chinesa de Wuhan, capital e maior cidade da província de Hubei, quando começaram a chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral.

Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, incluindo falta de ar.

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Ainda se desconhece a origem exata da infeção, mas terão sido animais infetados, que são comercializados vivos, a transmiti-la aos seres humanos.

O que são coronavírus?

Os coronavírus são uma larga família de vírus que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos mamíferos) e que no ser humano normalmente causam doenças respiratórias, desde uma comum constipação até a casos mais graves, como pneumonias.

Os coronavírus podem transmitir-se entre animais e pessoas. A maioria das estirpes de coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infetar seres humanos. Aliás, até agora, apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares existentes é que passaram a barreira das espécies e atingiram pessoas.

Saiba mais sobre o que é um coronavírus neste vídeo