A Síndrome de Sjogren é uma doença autoimune de etiologia desconhecida. Pela sua natureza autoimune e pela diversidade de órgãos que pode afetar é classificada nas Doenças Difusas do Tecido Conjuntivo, um grupo de doenças reumáticas sistémicas onde também se inclui o Lúpus Eritematoso Sistémico e a Esclerose Sistémica.

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É ainda classificada como primária e secundária. Síndrome de Sjogren primária quando não existe outra doença autoimune em simultâneo e secundária quando ocorre associada a outras doenças autoimunes, como a Artrite Reumatoide, o Lúpus Eritematoso Sistémico, a Poliomiosite, a Esclerodermia ou a Tiroidite.

A Síndrome de Sjogren afeta pessoas em qualquer idade, mas à semelhança de outras doenças autoimunes, atinge maioritariamente indivíduos do sexo feminino e surge sobretudo entre os 40 e os 50 anos.

Os familiares de pacientes com Síndrome de Sjogren revelam maior probabilidade de desenvolver anomalias autoimunes ou de desenvolverem a doença.

Os órgãos frequentemente atingidos nos pacientes com Síndrome de Sjogren são as células epiteliais das glândulas exócrinas, como as glândulas salivares, lacrimais e da pele. A doença pode também afetar as articulações, os músculos, o sistema nervoso, o aparelho respiratório, o aparelho urinário e os vasos sanguíneos.

O processo inflamatório pode originar os seguintes sintomas nos pacientes

Oculares (Xeroftalmia) - ardor, comichão, sensação de areia, fotofobia (intolerância à luz). Diminuição da produção de lágrimas. Frequentemente surge dilatação das glândulas lacrimais, infeções oculares, inflamação das pálpebras, podendo ocorrer lesões mais graves como úlceras da córnea, queratites ou queratoconjuntivite;

Orais (Xerostomia) - sensação de queimadura da boca, dificuldade na deglutição, tendência para o desenvolvimento de cáries, estomatite e mau hálito. Cerca de 60% dos doentes revela um aumento do volume das glândulas salivares parótidas, sublinguais e sub-mandibulares. As estruturas mucosas adjacentes à cavidade oral e também detentoras de glândulas, como a nasofaringe, orofaringe, seios perinasais e ouvidos podem também ser envolvidas originando secura, o que se traduz por tosse seca irritativa, rouquidão, secreções espessas e sinusite;

Músculo-esqueléticos - dores nas articulações, rigidez matinal, inflamação das articulações dos punhos, dos dedos, dos joelhos e tornozelos;

Cutâneos - envolvimento das glândulas sebáceas da pele, originando Xerose ou Xeroderma (pele seca) em 20 a 60% dos pacientes, o que se traduz em comichão, descamação e alterações da pigmentação da pele;

Pulmonar - Tosse seca é o sintoma mais comum, podendo também ocorrer pneumonia intersticial linfocítica ou bronquiolite obliterante;

Genitais - secura vaginal que pode originar dificuldades nas relações sexuais, provocando dispareunia;

Aparelho Urinário - acidose tubular renal distal e a nefrite intersticial, podendo originar cálculos nos rins e diminuição da função renal;

Cardíaco – pode surgir pericardite, alteração da função do ventrículo esquerdo ou miocardite;

Hematológicos – anemia autoimune por destruição de glóbulos vermelhos provocada por anticorpos, trombocitopenia autoimune por destruição de plaquetas ou leucopenia (redução do número de glóbulos brancos);

Neurológico - a neuropatia periférica surge em 20% dos doentes atingindo o trigémeo e o nervo ótico, originando alterações visuais;

Aparelho Digestivo - disfagia (dificuldade na deglutição) devido à secura das mucosas faríngeas e esofágica e náuseas;

A fadiga é um sintoma muito frequente nos pacientes, podendo também surgir casos clínicos de febre sem causa aparente e perturbações do sono.

As explicações são de Maria José Rego de Sousa, médica, doutorada em Medicina, especialista em Patologia Clínica.

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica