Por estar escondida, a zona íntima feminina é muitas vezes foco de descuido por parte das mulheres, apesar de ser uma zona importante por ser em simultâneo, uma zona de prazer, conter o sistema urinário e o sistema reprodutivo. "Qualquer mulher fará tudo para se sentir bonita, saudável e confiante e o bem-estar feminino deve passar pelos cuidados da vagina", defende Alexandra Meira, médica ginecologista no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHRLN).

A vagina é colonizada por milhares de bactérias patogénicas e não patogénicas. As bactérias saudáveis mais comuns chamam-se lactobacilos e são importantes porque mantêm o equilíbrio vaginal, prevenindo o desconforto, infeções e maus odores. Mas para manter a correta produção de lactobacilos é preciso ter cuidados com o pH da pele desta região anatómica feminina.

"O pH da vagina é diminuído em relação às outras partes do corpo. É importante mantê-lo ácido para prevenir e controlar doenças", explica a médica.

"A acidez do pH previne infeções do trato vaginal e por isso deve ser mantido íntegro durante a higiene íntima. O objetivo de um produto agente de limpeza não deve ser esterilizar nem eliminar todas as bactérias, porque algumas são importantes na colonização desta região", adverte a ginecologista.

Segundo a especialista, os produtos de higiene feminina devem garantir a eliminação de resíduos e secreções que não são desaparecem somente com recurso a água. "O que se quer de um produto de higiene íntima é que seja dermocompatível, que não irrite, não seque, não altere o manto hidrolipídico da zona, mantenha o pH ácido e seja refrescante", acrescenta a especialista.

Apenas 40% das mulheres usam produtos de higiene íntima, sendo que algumas acreditam que podem fazer higiene íntima com um gel de banho corporal normal, o que afeta o pH da vulva e da vagina. "É muito importante respeitar o pH da vagina, porque este exerce um fator barreira para várias doenças", frisa a médica.

A higiene íntima deve começar desde cedo: da infância às idades mais avançadas

Durante a infância, a zona íntima é mais alcalina e pobre em lactobacilos responsáveis por manter o pH da vagina mais ácido. "Tal aumenta o risco de dermatites, vulvovaginites e desconforto, daí que seja importante manter o equilíbrio da flora vaginal através do uso de produtos adequados", refere Alexandra Meira.

Por outro lado, é na infância que se introduzem os hábitos de higiene, daí que seja necessário criar nas meninas rotinas saudáveis ao longo da vida, afirma a especialista. "É preciso supervisionar a higiene das crianças", alerta Joana Martins, médica pediatra no Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC).

A anatomia da vulva das meninas é caracterizada pela existência de grandes lábios reduzidos que não conseguem tapar os pequenos lábios e o introito vaginal. "Tal faz com que toda a zona vulvar esteja mais exposta a agressões físicas. Por outro lado, as crianças também não têm pelos púbicos", recorda a pediatra. "As meninas, muito facilmente, podem facilitar o desenvolvimento de bactérias patogénicas que não são coisas estranhas que vêm do ar. Muitas vezes essas bactérias vêm da região anal que está logo ali ao lado", exemplifica a especialista que advogada a correta higienização das crianças desde muito cedo.

A pensar nas meninas a partir dos 3 anos, Lactacyd, marca líder de mercado em higiene íntima nas Farmácias, lançou Lactacyd Girl - Gel Ultra Suave para a Higiene Íntima das meninas - para fomentar a criação de hábitos de higiene rotinados desde a infância.

Na adolescência "surgem os primeiros corrimentos vaginais, assim como as primeiras relações sexuais, o que torna fundamental a utilização de higiene apropriada", indica a especialista Alexandra Meira. "O corrimento da vagina é um fator protetor contra infeções", acrescenta Joana Martins.

Mais tarde, dos 25 aos 40 anos, na idade fértil, é extremamente importante manter a acidez do pH da vagina, porque "há fatores extrínsecos que alteram o pH vaginal, como alguns produtos de higiene, as relações sexuais e a toma de antibióticos", diz Alexandra Meira.

Dos 45 aos 64 anos, na fase da perimenopausa e do climatério, os ovários produzem menos estrogénios, ocorrendo uma alteração do pH e da flora vaginal, o que dá origem às primeiras queixas de secura vaginal. "Muitas vezes as mulheres acreditam ter uma infeção, como uma candidíase, quando só precisaria de estar a fazer uma correta higiene vaginal", explica a ginecologista.

Acima dos 65 anos, quando há falência dos ovários e ausência da produção de estrogénios, a mucosa torna-se mais fina, seca e frágil. "O pH é mail alcalino e pobre em lactobacilos, deixando as mulheres outra vez, mais vulneráveis a infeções", adverte a médica.

Para a especialista Alexandra Meira, as mulheres devem adequar a higiene íntima à sua fisiologia, em cada faixa etária, respeitando sempre o pH vaginal.