Não sei quando é que isto começou. Em criança, lembro-me de que comia muitas outras coisas à refeição. A minha mãe cozinhava batatas, arroz, enfim, uma série de comidas de que todos nós gostamos. E eu também gostava. Mas tenho uma ideia vaga de nunca ter sido verdadeiramente feliz à mesa, mesmo quando tinha um prato de arroz de marisco à frente.

O som para este momento

Gradualmente, acho, fui substituindo tudo por massa. O arroz de marisco passou a marisco com massa. O empadão rapidamente passou a lasanha. Na caldeirada de peixe, troquei a batata por massa. Quando fui morar sozinho, a minha despensa passou a ser o meu maior capricho. Gavetas e prateleiras repletas de todos os tipos de massa – esparguete, fettuccine, macarrão, linguine, cannelloni, laços, espirais, ninhos …

Se existe, eu tenho! Ou vou ter em breve. Algumas pessoas colecionam caprichos como sapatos, gravatas, perfumes, vinhos... O meu luxo é chegar a casa e abrir um pacote de massa, como se de um vinho se tratasse. Sinto-lhe o aroma, a textura, admiro-lhe as formas... Diverte-me planear a melhor receita para cada tipo de massa: se carne, se peixe, se legumes, se mais ou menos condimentada, o tempo perfeito de cozedura.

Eu até percebo que algumas pessoas possam achar estranha esta minha paixão. Mas para mim, nada se compara ao prazer de saborear uma massa al dente, com um molho riquíssimo e, eventualmente umas lascas de queijo a derreter por cima. Quem diz que o amor é complicado, nunca se apaixonou por um prato de massa fumegante.

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