Não me entendam mal… Eu adoro ter companhia humana para o jantar. Poucas coisas me fazem tão feliz como ir jantar fora com amigos ou colegas do trabalho. E praticamente não há semana em que não tenha algum amigo a passar lá por casa, ou em que não combine um almoço com alguém, para dois dedos de conversa e matar saudades em frente a uma mesa bem-posta. 

O som para este momento

Mas confesso que por vezes me sabe ao céu poder ter uma refeição absolutamente sozinha, em profundo silêncio, apenas eu e os meus pensamentos. É como um retiro espiritual comigo própria, com um prato à frente.

Ontem tive um desses momentos. Não aconteceu nada de especial durante o dia, nada que me pudesse ter levado a querer estar sozinha. Mas a meio da tarde comecei a planear um serão só meu. Não fiz planos, não liguei a ninguém. A noite seria para estar comigo e apenas comigo. Bem, mais ou menos.

Assim que cheguei a casa, lá estava ele. Sentado no sofá a olhar para mim. O Baltazar, o meu gato, com aquele ar de quem pergunta “Então, hoje somos só nós os dois?!” Tratei de encher a taça de comida do Baltazar, e de seguida fui tratar de mim.

Como sou daquelas pessoas que tem sempre a despensa cheia e o frigorífico abastecido, imaginar uma iguaria para o jantar não foi difícil. Rapidamente descobri tudo o que precisava para um jantar simples, mas saboroso. Uns camarões, um naco de queijo… E uma massa que descobri há uns dias, com um nome super cómico: rolitos.

Aproveitei a deixa dos rolitos e fui-me enrolar no sofá com o Baltazar – que veio rondar na esperança de que lhe calhasse em sorte um camarão. Não calhou.

Já a mim, calhou-me um serão daqueles mesmo aconchegantes. Pus-me a ver um filme enquanto saboreava o meu jantar. Na verdade, depois acabei por adormecer no sofá, com o Baltazar enrolado nas pernas. Foi, sem dúvida, um dos serões mais tranquilos e ao mesmo tempo mais cheios que tive nos últimos tempos. Até o Baltazar ronronava de felicidade.

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