O último dia da edição, que comemorou os 30 anos de existência da ModaLisboa, ficou marcado mais uma vez, por várias conversas, histórias e muitas tendências, que encheram os ecrãs dos amantes de moda.

Tal como ontem, o dia começou às 16h30 com vários debates e só ao fim da tarde, se iniciaram os desfiles. A primeira a abrir “portas” foi a designer Saskia Lenaerts que trouxe “Arquivos Desconfinados” como tema do vídeo criado para a estação outono/inverno. Devido à COVID-19 e às novas restrições de bloqueio, Saskia Lenaerts não conseguiu ter acesso ao seu estúdio, mas mesmo assim não deixou de aproveitar a oportunidade de partilhar o seu mundo com o público.

Aleksander Protic revelou o desejo de relembrar o simples e o mundano, as atividades sociais e íntimas, hoje constrangidas pela nossa própria bolha física. Para o próximo outono/inverno, o designer quis desafiar a situação ao incentivar uma expressão excessiva e lúdica. As silhuetas são estruturadas versus relaxadas, nos materiais destacam-se o veludo, a seda, a ganga, tecidos lamé e a lycra. Já nas cores destacam-se o azul, preto e o dourado.

A tarde já estava no final quando João Magalhães, da plataforma LAB, apresentou You and I come from a different planet” (Tu e eu viemos de um planeta diferente), o mote para coleção que mais uma vez, apresenta o cruzamento do High/Lo tech. A alusão ao mundo natural recai, sobre o universo aquático, com um levantamento fotográfico feito na costa vicentina a servir de base para uma procura constante de construção e desconstrução da forma e criação de prints em 3D art. Para reforçar o compromisso com a sustentabilidade, foi também usado o máximo de tecido deadstock.

O isolamento social deu origem a uma enorme necessidade de sentir o toque e a proximidade entre os corpos de uma forma nunca antes experienciada. A coleção de Gonçalo Peixoto abre as portas do disco e transporta-nos para alguns dos sentimentos mais nostálgicos daquela época. O desejo de toque e liberdade estão envoltos numa paleta de cores vibrantes e divertidas e faz-nos dançar e cantar as nossas músicas favoritas. Somos movidos pelo desejo de sair e reviver alguns dos melhores momentos e histórias que permaneceram nas nossas memórias.

A edição estava prestes a terminar, mas não sem antes receber Luís Carvalho e Ricardo Preto. Luís trouxe “Aurora”, uma ode ao fenómeno ótico composto por um brilho observado nos céus noturnos das zonas mais a norte da Terra. As formas orgânicas e gráficas das auroras boreais destacam-se para os detalhes trabalhados nas peças e na construção das mesmas como: os folhos, franzidos e encaixes ondulantes, enquanto que as silhuetas são oversize e com diversas camadas. Lamés, fazendas e jacquards com padrões florais e camuflados predominam na coleção.

Ricardo Preto foi o último a pisar a passerelle desta edição exclusivamente online, com a coleção “Unfastened”. Uma coleção que juntou artistas para a criação das estampas, dos acessórios e também dos kispos. As silhuetas são fluidas versus silhuetas estruturadas e oversize, que permitem um look sem esforço, tranquilo e contemporâneo. Na paleta ressaltam tons pastéis frios de cor de rosa, amarelo e verde, nos materiais o crepe, a seda, os tecidos técnicos e o faux fur.

A 56ª Edição ModaLisboa Comunidade chega assim ao fim, mas mantém-se a esperança que na próxima edição possamos voltar a aplaudir o que de melhor se faz em Portugal. Se perdeu alguma coisa do que passou nestes quatros dias, dê uma vista de olhos aqui e fique a par de tudo.

Até à próxima edição!