Em 2010, os implantes mamários da empresa francesa Poly Implant Prothese (PIP) estiveram no centro de um escândalo internacional, quando se descobriu que a companhia utilizava um gel de silicone não homologado para uso médico em vez do gel da marca NuSil, autorizado, que afirmava empregar. Depois das notícias de rutura destes dispositivos, milhares de mulheres ficaram, na altura, em pânico.

Em Portugal, foram 80 os casos, envolvendo 67 mulheres. O mediatismo do escândalo levou, no entanto, muitas mais a passar a desconfiar deste tipo de procedimentos estéticos, apesar do reforço de segurança que a nova legislação entretanto aprovada passou a garantir. "O aumento mamário é uma cirurgia extremamente segura", assegura Tiago Baptista Fernandes.

"Os implantes são exaustivamente analisados, bem como os casos clínicos", garante o médico, cirurgião plástico no Instituto Português de Cirurgia Plástica. "Os riscos de um aumento mamário não são específicos ao procedimento, além dos que estão associados a qualquer cirurgia relacionada com anestesia local ou geral", sublinha. As complicações mais frequentes são hematomas e contratura capsular.

"Para os minimizar, devem ser usados drenos cirúrgicos, protocolos antisséticos e recuperação pós-operatória especializada", sugere o cirurgião plástico. "As cicatrizes podem ser perfeitas ou de qualidade inferior, pelo que deverão ser realizados tratamentos para as mesmas pelo cirurgião", afirma Tiago Baptista Fernandes, que enumera ainda outras preocupações.

O stresse psicológico que as expetativas irrealistas geram

Existe também o risco psicológico de expetativas irrealistas sobre o resultado, "pelo que as simulações com os sistemas mais avançados são consideradas ferramentas essenciais", realça ainda o especialista. Atualmente, o sistema de simulação Vectra 3D da Canfield, originário dos EUA, é um dos mais avançados, ultrapassando o método arcaico de experimentação de próteses na consulta.

"Os grupos de risco são os mesmos para qualquer intervenção cirúrgica, destacando grávidas e mulheres em fase de amamentação, doentes com neoplasias ativas ou em estudo, doentes a realizar quimioterapia ou imunocomprometidos", adverte Tiago Baptista Fernandes. Para saber mais sobre o pós-operatório e os efeitos secundários dos implantes mamários, clique aqui.

Os implantes mamários e o risco de cancro

A hipótese de existir uma relação entre implantes e o desenvolvimento de cancro de mama foi cientificamente refutada. Cerca de 7% a 9% das mulheres desenvolvem alguma forma de cancro da mama ao longo da sua vida, como tal, não é pelo facto de terem implantes mamários que esse risco desaparece. Podem realizar-se os normais exames mamários profiláticos, como ecografia mamária, mamografia e ressonância magnética.