As mãos e os pés revelam mais de nós do que aquilo que se pode imaginar. E nos meses quentes, mais do que nunca, a sua beleza é posta à prova. Por serem o espelho do nosso bem-estar e da preocupação que cada uma de nós tem com o resto do corpo, é importante tratá-los, arranjá-los e embelezá-los para que tenham uma aparência perfeita. E não basta apenas visitar manicuras e pedicuras. A pele destas zonas está sujeita a diversos fenómenos, tanto exteriores como biológicos, os quais deve ficar a conhecer, para brilhar nos dias de sol que se avizinham e sobretudo contribuir para o seu bem-estar.

Cuidados diários

Lavar e hidratar os pés e as mãos diariamente são as duas regras de ouro. Para tal, aconselha o dermatologista Fernando Guerra, deve «usar substâncias pouco agressivas, não detergentes e que possam tirar a sujidade, nomeadamente certos tipos de gel de banho neutros, com o pH semelhante ao da pele (5,5) que podem até ser um pouco ácidos, ou então optar por produtos à base de aveia coloidal». As mãos exigem lavagens mais frequentes pelo contacto constante com elementos exteriores.

Já os pés requerem apenas uma lavagem por dia, a menos que faça desporto ou sofra de hiperhidrose (excesso de transpiração). Após a lavagem, a hidratação não deve ser esquecida. Nas mãos deve aplicar um creme não gorduroso que as deixe prontas para enfrentar todo o tipo de actividades e agressões. E se os pés tendem a ser alvo de maior desleixo, fique sabendo que isso pode levar ao endurecimento da pele (hiperqueratose) e à formação de calos ou fissuras. Hidratar é, por isso, essencial.

Proteger os pés

Com o avançar da idade, pode dar-se o desenvolvimento de hiperqueratoses nos pés. A planta do pé torna-se mais rija. «Nesses casos, a pessoa pode esfoliar os pés e usar cremes de ureia a 30 por cento. São mais activos dos que os emolientes simples para os problemas de grande secura», salienta Fernando Guerra. A periodicidade da esfoliação depende do grau de secura da pele. Se for fraco, pode ser feita diariamente durante o banho, já elevados graus de hiperqueratose exigem apenas uma esfoliação semanal.

Há também a hiperqueratose do climatério, que surge na menopausa e deixa os pés grossos, principalmente na zona dos calcanhares, chegando a fissurar. O tratamento envolve a aplicação de cremes e unguentos, mas que nem sempre resultam dado o estado das gretas. Aí deve procurar um dermatologista.

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Como prevenir os calos

Outro problema comum é o aparecimento de calosidades. Uma boa maneira de evitá-lo é usar sapatos meio número acima do que realmente calça, para deixar o pé à vontade. Caso esteja largo, prefira a palmilha a usar calçado apertado. O dermatologista aconselha «quem anda de saltos altos a descalçar-se ao chegar a casa». «Para além dos distúrbios circulatórios que estes provocam nas pernas, o facto de empurrar o pé para a frente em calçado fechado, faz com que apareçam doenças nos pés como os joanetes em quem tem tendência para isso», refere ainda.

Proteger as mãos

As mãos requerem tratamentos mais cuidados. Uma vez por semana pode fazer uma esfoliação com substâncias ligeiramente abrasivas, através de uma massagem. Também aqui as alterações hormonais próprias da menopausa trazem mudanças à pele, fazendo com que se torne mais ressequida e perca elasticidade. São precisos cuidados intensivos e reforçar a protecção através de aumento hidratação ou aplicação de cremes que ajudem também a retardar o envelhecimento da pele.

Fernando Guerra aponta o aparecimento de sardas solares no dorso da mão como um problema sério. «Depois de surgirem, são apenas possíveis de remover através do laser. Para evitar que apareçam, deve escolher produtos à base de alfa-hidroxiácidos», sugere. E nunca esquecer que ao mexer em tintas, químicos, ácidos e detergentes é obrigatório o uso de luvas para evitar secura, feridas e alergias.

Doenças e alergias

Várias patologias podem afetar estas duas extremidades do corpo. As lesões provocadas por psoríase palmo-plantar (mãos e pés) são habituais e provocam fissuras e comichão. Quem sofre da doença deve ter cuidados especiais e procurar um dermatologista. É também frequente a desidrose, «uma alteração da função normal das glândulas sudoríparas écrinas, (mais presentes na palma das mãos e na planta dos pés), que aparece na mudança de estação devido ao suor e ao calor, provocando pequenas vesículas nas mãos e nos pés que dão prurido e podem eczematizar».

«Nos pés, aparecem por vezes as dermites de causa externa, resultantes quase sempre de alergias a calçado», aponta. Existe ainda um sem número de substâncias [látex, perfume ou detergente (mãos), níquel e colas (pés)] que podem gerar reacções dermatológicas graves. Por isso, Fernando Guerra defende que «todas as doenças de mãos e pés devem passar por um dermatologista. Em primeira instância pode haver o aconselhamento de farmácia, por exemplo para a secura das mãos, mas tiver lesões que não desaparecem, deve rapidamente consultar um especialista».

Texto: Mariana Correia de Barros com Fernando Guerra (dermatologista)