Apesar do número de homens que se submetem a elas continuar a aumentar, as mulheres continuam a ser as grandes clientes da cirurgia plástica. Com o aparecimento de novas técnicas estéticas ou cirúrgicas, é necessário ter em conta que nem todas são realmente eficazes. Algumas podem inclusive implicar alguns riscos. Veja a opinião dos especialistas que contactámos sobre alguns dos procedimentos mais utilizados e tenha noção dos perigos que lhe podem estar associados.

Para Biscaia Fraga, director do serviço de cirurgia plástica maxilo-facial do Hospital Egas Moniz e da Clínica Biscaia Fraga, em Lisboa, «o face-lift clássico é um ato cirúrgico agressivo com margem para complicações e alterações importantes». O especialista junta também à lista as próteses com incisão sub-mamária, «uma vez que conduz a um peito de aspeto artificial e cicatrizes facilmente visíveis», sublinha.

O problema da remodelação mamária com ácido hialurónico

Já Freire dos Santos, director do serviço de cirurgia plástica dos Hospitais da Universidade de Coimbra, da Clínica Freire dos Santos em Coimbra e da Bioart Clinic, em Lisboa, diz-nos que a remodelação mamária com ácido hialurónico é a menos recomendada, «já que os efeitos a longo prazo são desconhecidos. Até hoje, existem apenas dois trabalhos sobre esta técnica e começam a aparecer muitos casos descritos de complicações locais associadas», referia em 2010.

«Não está aprovado pela FDA para uso nos EUA e Canadá», sublinhava ainda, na altura. Para Ibérico Nogueira, cirurgião plástico diplomado pelo Conselho Federal de Medicina do Brasil, a exercer atualmente na Clínica Ibérico Nogueira, em Lisboa, o tratamento estético que menos recomenda é a lipoaspiração em pacientes obesas.

«A obesidade é uma contraindicação absoluta para este tratamento», alerta. «Nestes casos, medidas higieno-dietéticas e exercício físico permitem reequilibrar o paciente e aproximá-lo do peso ideal, tornando-o, assim, apto a submeter-se a este tipo de cirurgia sem correr riscos desnecessários», sublinha ainda o especialista.

As reações adversas de produtos como o polimetilmetacrilato

Já Alexandra Osório, dermatologista mestrada em dermatologia Estética, nas clínicas DermAge em Leiria e Lisboa, diz-nos que a «utilização de material de preenchimento com produtos permanentes como o PPMA (polimetilmetacrilato)» é o que menos aconselha porque podem dar origem a reacções adversas. «Aparecem com frequência granulomas», refere a especialista.

Esses nódulos duros e desfigurantes «só podem ser tratados por pequena cirurgia ou por dissolução após várias aplicações de cortisona injectável», sublinha. Para Manuela Cochito, dermatologista na clínica Manuela Cochito em Lisboa, o uso de enchimentos de longa duração (metacrilatos) não é o mais aconselhável «pelo risco grande de reacção alérgica» e a autoenxertia, «por ser uma técnica cujo custo-benefício não compensa em relação ao ácido hialurónico», considera.

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Os perigos da radiofrequência, dos ultrassons e da sonoforese

Para Campos Lopes, dermatologista na Clínica do Homem e da Mulher e no Hospital da Luz, em Lisboa, «todas as técnicas têm o seu fundamento. Mas é essencial que quem as aplica seja especializado e credenciado para tal. A maioria dos problemas pós-intervenção não surgem da técnica em si, mas sim da má aplicação da mesma», afiança este especialista. A lista de procedimentos desaconselhados às mulheres não se fica, contudo, por aqui.

António Boavida, médico especializado em medicina estética e diretor clínico da Clínica Médica Ocidem, em Lisboa, considera que a maioria dos tratamentos de eletromedicina (radiofrequência, ultrassons, infravermelhos, sonoforese, entre outros), quando bem executados, com equipamentos de qualidade e controlo médico dão bons resultados. «Mas, sem indicação ou controlo médico, podem ser perigosos», insiste.

«Podem queimar, manchar, provocar uma fratura óssea ou outro tipo de lesão, que pode vir a ser irreversível. Só devem ser prescritos como tratamentos médico-estéticos, sob indicação e orientação médica», alerta. Para Victor Junqueira, médico mestrado em medicina anti-aging, «todas as técnicas têm alguma validade mas algumas não demonstram a sua eficácia em percentagens suficientes para que sejam recomendadas», diz.

«Deve evitar-se o uso da anestesia geral e a utilização de substâncias que possam provocar reacções alérgicas», refere ainda. Mariana Alves, médica especializada em medicina estética na Corporación Dermoestética, desaconselha, por seu lado, a fotodepilação de luz pulsada intensa nos meses que antecedem o verão.

«O sistema tradicional de fotodepilação usa um sistema de luz pulsada com um feixe que incide sobre a melanina presente no pelo que recebe a maior parte da energia, enquanto a pele recebe menos. Quanto mais clara for a pele e mais escuro for o pelo, melhores são os resultados deste tratamento, porque é na melanina que actua este sistema de fotodepilação», justifica a especialista.

Texto: Ana Catarina Alberto