As manchas são lesões hiperpigmentadas da pele, decorrentes da existência de mais cor do que o normal numa zona particular da pele. Na sua formação intervêm dois tipos de células, os melanócitos (células produtoras de melanina, proteína responsável pela cor e pigmentação da pele) e os queratinócitos (células que asseguram a passagem da melanina à superfície da pele, através de um processo contínuo e regular de renovação celular).

Quando este processo é alterado por fatores como a exposição solar ou as oscilações hormonais, surgem as manchas. De acordo com a dermatologista Alexandra Osório, os principais fatores que influenciam o aparecimento das tão irritantes e incomodativas manchas na pele são:

- O sol

A exposição solar não protegida é uma agressão para a pele que, para se defender, aumenta a produção da melanina.

- Uma pele clara

As mulheres caucasianas têm mais tendência a desenvolver manchas decorrentes de agressões solares.

- Reações alérgicas

Podem surgir no caso da toma de antibióticos durante a exposição solar (mesmo em épocas de menor calor) ou devido ao uso de produtos cosméticos fabricados com elementos químicos que podem provocar reações cutâneas (perfumes ou cremes perfumados).

- Doenças

Patologias supra-renais e irregularidades ao nível da tiróide podem dar origem a manchas na epiderme.

Como prevenir?

A recomendação é geral e obrigatória. Tenha cuidado com o sol. O dermatologista António Picoto refere como essencial uma proteção solar eficaz. Deve «usar roupa e óculos de sol escuros, aplicar creme solar com FPS 30 ou mais e evitar a exposição solar entre as 11h e as 16h», aconselha este especialista. Adicionalmente, siga também estes conselhos:

- Proteja-se todo o ano. Deve usar proteção solar também no inverno, no outono e na primavera, mesmo quando o sol não parece muito forte.

- Experimente uma base de maquilhagem com proteção solar e vá retocando ao longo do dia.

- Se puder, substitua os contracetivos orais por um outro método de planeamento familiar.

- Use diariamente cosméticos despigmentantes, principalmente os que contêm ácidos como o glicólico, o retinóico e o kójico.

Veja na página seguinte: Os tipos de manchas e os melhores tratamentos

Esteticamente, os tipos de manchas que mais preocupam homens e mulheres também são vários:

1. Lentigos solares

Manchas definidas, localizadas e de tom castanho escuro. Surgem nas zonas da pele mais expostas ao sol. Ocorre uma sobreprodução de melanina, provocando o aparecimento de manchas, que se tornam mais visíveis com a idade. A dermatologista Alexandra Osório assegura que os «peelings de ácido retinóico, ácido salicílio e tricloroacético apresentam bons resultados» no tratamento deste tipo de manchas».

«Proporcionam a esfoliação (descamação) da pele, expulsando o pigmento das camadas superiores», acrescenta ainda. Já o especialista António Picoto refere que a maioria dos tratamentos não são simples e requerem alguns testes prévios. Ainda assim refere que este tipo de manchas pode ser tratado com criocirurgia, peelings e alguns tipos de laser.

2. Melasma

É um tipo de mancha associada às alterações hormonais na mulher, sendo potenciada pela exposição solar. «É mais comum na gravidez, durante a toma de anticoncecionais ou no caso de alguma alteração da glândula tiroideia», refere Alexandra Osório. É uma mancha difusa que surge geralmente no lábio superior, maçãs do rosto ou queixo, podendo atingir também os membros superiores.

Esta mancha é talvez a mais difícil de eliminar. Ainda assim, se a sua origem for meramente hormonal, como no caso da gravidez ou da toma de anticoncecionas orais, as manchas deverão desaparecer se deixar de os tomar ou no fim do tempo de gestação. De qualquer forma, a aplicação de um «peeling específico com vários despigmentantes» pode, segundo Alexandra Osório, reduzir a visibilidade do melasma.

3. Outras manchas:

- Sardas

São manchas congénitas que surgem por volta dos três anos e que, por vezes, aclaram depois dos 30. São mais comuns em pessoas ruivas de pele muito clara. O seu tratamento é totalmente desaconselhado pelo dermatologista António Picoto.

- Manchas de cicatrização, dermatite de contacto ou de irritação

São normalmente castanhas e de contornos irregulares. Resultam de uma reação alérgica à exposição da pele ao sol quando foi aplicado um perfume ou creme momentos antes. Surgem também da limpeza excessiva da pele, dermatite atópica ou cicatrizes de acne.

- Dermatite seborreica

Este tipo de manchas assume a forma de manchas avermelhadas. «Podem ocorrer por descompensação da pele devido ao stresse, ao calor ou ao uso inadequado de alguns cosméticos», refere Alexandra Osório. São descamativas, rosadas e localizam-se à volta do nariz, na testa ou atrás das orelhas.

Tratamentos à base de hidroquinona

É uma substância com uma forte ação aclaradora, impedindo a produção de melanina. A sua aplicação em creme a 4% «mostra alguma eficácia quando acompanhada de outras terapêuticas», refere o especialista António Picoto. Já segundo Alexandra Osório, «deixa a pele mais luminosa e bonita». Está disponível apenas com receita médica visto que, «embora seja bem tolerada, em alguns casos pode provocar irritações cutâneas ou alergias».

Para além disso, «quando o seu uso é muito intensivo e prolongado pode provocar ocronose que é um distúrbio da pigmentação muito grave e sem solução», explica António Picoto. Alexandra Osório acrescenta, por isso, que «é essencial testar antes o produto (aplicar numa zona reduzida da pele, na mancha, ou perto dela, e aguardar 24 horas) e o tratamento deve ser suspenso caso ocorram coceira, inflamação excessiva ou formação de bolhas».

Texto: Ana Catarina Alberto com Alexandra Osório (dermatologista) e António Picoto (dermatologista)