São muitas as mulheres que as exibem e que se queixam delas. As inestéticas estrias são pequenas cicatrizes que resultam do rompimento das fibras da pele, essencialmente colagénio e fibras elásticas.

Aparecem geralmente quando esta perde as suas características de tensão e elasticidade, em contextos como o crescimento, o ganho de peso rápido, oscilações de peso ou gravidez.

Apesar das lesões serem internas, o seu aspecto é bastante visível. Felizmente existem tratamentos que as atenuam e que podem ajudá-la a defender-se destas cicatrizes. Numa fase inicial, quando ocorre a ruptura das fibras existe um processo de cicatrização imediato. «Desenvolve-se um tecido de granulação cicatricial com o número de vasos aumentado e que dá à estria uma tonalidade
vermelho-avinhado», explica Miguel Trincheiras, dermatologista.

«Depois há o depósito de uma série de substâncias, nomeadamente colagénio não organizado, que confere à estria um aspecto branco-nacarado. Tratam-se de estrias já estabilizadas», acrescenta.

Esta diferença é fundamental já que os modos de actuação na estria vão ser diferentes consoante esta seja recente ou mais antiga. As estrias surgem essencialmente em zonas menos hidratadas. «Pela sua configuração anatómica, pela presença de maior tecido adiposo local, as nádegas, as ancas, o peito e a região abdominal têm mais tendência para estriar», refere o especialista.

Como prevenir

As estrias aparecem quando há um estiramento cutâneo anormal, devido a factores de crescimento na adolescência, a alterações de peso e do volume corporal relativamente rápidos associadas ou não a factores hormonais, distensão muscular durante os treinos de musculação e à gravidez.

Segundo o dermatologista, «uma pele hidratada, mantém características de distensibilidade superiores às de uma pele mais seca, por isso, é fundamental manter a tez sempre bem hidratada. Também alguns medicamentos de aplicação tópica à base de corticóides causam a médio/longo prazo atrofia cutânea e facilitam o desenvolvimento de estrias em zonas de pele mais fina, sendo assim de evitar o seu uso excessivo, particularmente nas pregas».

Os cosméticos antiestrias devem ser usados especialmente numa óptica de prevenção. Se estiver grávida evite fórmulas ricas em retinol.

Tratamentos dermatológicos

É possível actuar numa estria recente «com o laser pulsado de contraste e assim diminuir a sua vascularização, provocar a contracção do colagénio residual e diminuir a sua largura», diz Miguel Trincheiras. Quando a estria já está instituída é mais difícil conseguir resultados cosméticos, ainda assim, existem formas de provocar a regeneração da pele.

«Pode-se recorrer à aplicação tópica de retinóides que, com o seu poder irritativo, estimulam a produção de novos elementos na derme. Mas enquanto monoterapia tem resultados limitados», sublinha Miguel Trincheiras.

Outras estratégias

Há ainda técnicas de acção mais directa como a mesoterapia, que consiste na infiltração na pele de algumas moléculas bioactivas que estimulam a produção de células da derme, tendo uma recuperação imediata.

Existe também «a dermoabrasão local, em que se faz uma abrasão mecânica na zona das estrias e depois a aplicação de um ácido específico (TCA). Na recuperação, é preciso aplicar diversos produtos que ajudam na cicatrização».

Este procedimento tem um tempo de recuperação médio de duas semanas e para repeti-lo é preciso esperar cerca de dois meses. O laser CO2 fracionado é porventura o procedimento mais eficaz e mais recente pois incide directamente apenas sobre a estria, estimulando-a a produzir novas moléculas e com uma recuperação de um ou dois dias.

Recorrer à cirurgia

Ao nível da cirurgia plástica, existem dois procedimentos que podem eliminar as estrias. Segundo Zeferino Biscaia Fraga, cirurgião plástico, «as estrias na zona da barriga podem ser retiradas com recurso à abdominoplastia, em que se remove o excesso de pele entre o umbigo e a púbis. Nas coxas, com uma dermolipectomia, também é possível retirar o excesso cutâneo».

Segundo o especialista, conseguem-se resultados eficazes em grandes estrias com recurso ao Skin Roller, um pequeno rolo, com pequenas agulhas que provoca picadas muito pequenas na zona das estrias. «Depois de fazer micro-feridas, há formação de tecido fibroso. Três semanas depois, utilizo o laser para retrair ao máximo a estria. A pele demora cerca de quatro semanas a recuperar», descreve.

Os preços

- Abdominoplastia: Entre 1.200 € e 3.500 €

- Laser CO 2 fracionado: De 200 € (zona pequena) a 1.000 € (nádegas, peito ou anca) por sessão. São necessárias três sessões em média.

- Dermoabrasão + TCA: Entre os 300 € e 500 €, por sessão. As estrias são classificadas em graus de 1 a 7 e cada sessão permite reduzir um grau.

- Dermolipectomia: Cerca de 2.500 €.

- Skin roller: Entre 250 € e 700 €, por sessão, numa média de duas a três sessões.

- Mesoterapia: Entre 50 € e 100 € por sessão semanal ou bisemanal. São necessárias cerca de 15 sessões e, em seguida, um acompanhamento mensal.

Texto: Mariana Correia de Barros com Miguel Trincheiras (dermatologista) e Zeferino Biscaia Fraga (cirurgião plástico)