Ponha o telemóvel de lado e leia este artigo. Aliás, habitue-se a guardar o telemóvel quando está em casa com o seu filho. Um estudo da Universidade do Illinois e da Universidade do Michigan, nos EUA, concluiu que os pais viciados em telemóvel podem ter grandes responsabilidade no mau comportamento dos filhos. Os investigadores analisaram quase 200 famílias e perceberam que há uma associação clara entre o uso excessivo dos dispositivos (já apelidado de “tecnoferência”) por mães e pais e os problemas comportamentais em jovens.

A influência da “tecnoferência” revelou-se altamente prejudicial em alguns hábitos familiares, nomeadamente durante as refeições, desencadeando nas crianças e jovens emoções como a frustração e fazendo com que embarquem em birras, amuos e comportamentos hiperativos.

A investigação, divulgada na revista Pediatric Research, salientou ainda que o mau comportamento das crianças é particularmente notório quando são as mães a abusar dos telemóveis. Estudos recentes mostram que os pais gastam, em média, nove horas por dia com computadores, tablets, televisão e smartphones, sendo um terço dedicado a este último aparelho – constantemente utilizado durante atividades familiares, nomeadamente à hora das refeições ou no momento de os miúdos irem para a cama.

Jenny Radesky, pediatra e especialista em desenvolvimento infantil e também autor deste estudo, disse ao Daily Mail: “Face a este fenómeno, as crianças tendem a reagir ao retardador”. Brandon McDaniel, outro dos investigadores, salientou, por seu turno, que “pais que têm filhos menos expansivos ou com problemas em expressar emoções ficam mais stressados, o que pode levá-los a usar mais a tecnologia e assim contribuir para aumentar os problemas de comunicação das crianças”. Ou seja, o chamado efeito “pescadinha de rabo na boca”.

Os pesquisadores entrevistaram 172 famílias de pais e mães com pelo menos um filho de cinco anos, usando questionários online. Os participantes revelaram o número de vezes que interromperam conversas ou atividades com os filhos para usarem os dispositivos atrás citados. A seguir, avaliaram o comportamento das crianças – a frequência com que ficavam de mau humor ou amuados, e a facilidade com que revelaram frustração - em virtude dessas interrupções.

Cerca de 40% das mães e 32% dos pais confessaram estar viciados nos seus telemóveis. Metade das famílias admitiu que a “tecnoferência” ocorre pelo menos três vezes ao dia. E apenas um décimo negou a sua existência no quotidiano.

A impossibilidade de ignorar a entrada de uma nova mensagem foi apontada como uma das principais características do vício, assim como os pensamentos constantes sobre mensagens e emails recebidos.

Esta investigação surge numa altura em que as autoridades de Manchester, em Inglaterra, ponderam lançar uma campanha para combater as dificuldades de comunicação entre pais e filhos provocadas pela tecnologia.

Faça um detox digital

Estar ligado o dia todo pode prejudicar o corpo e a mente. James Duigan, autor australiano de livros de saúde e especialista em terapias holística, forneceu ao Daily Mail alguns conselhos para fazer um detox digital.

  • Modere o uso de redes sociais. Duigan diz que são as principais responsáveis pela intoxicação, a par do uso constante de smartphones. “São uma forma de criar comunidades globais e uma fonte incessante de inspiração, mas, nalguns casos, podem tornar-se um incómodo e uma distração constantes e impedir-nos de viver o presente”.
  • Lembre-se: “Um post rápido antes de ir dormir é suficiente para mantê-lo acordado durante a noite”.
  • “As redes sociais foram criadas para serem viciantes; cada notificação traz consigo a hormona da felicidade”. O truque, sublinha o australiano, é trocar este vício por outra atividade.
  • Use uma aplicação chamada Freedom para bloquear Instagram, Facebook e Twitter pelo tempo que precisar ou aguentar. Esta app permite eleger o tempo de detox – o que implica que pode obrigar-se a aumentar, aos poucos, o tempo de ‘jejum’.
  • Saia de casa. “Dar esse passo vai ajudá-lo a resistir à tentação de passar horas a verificar feeds de notícias e publicações das redes quando a sua força de vontade estiver mais débil”.
  • Viva o presente e tome consciência do que se passa à sua volta. “Sem imagens. Sem selfies. Faça isto um dia, pelo menos; vai ver que é melhor viver o momento do que capturá-lo”.