A forma como, ao longo da vida, somos capazes de ter uma imagem positiva de nós próprios e segurança interna, é essencial para que sejamos capazes de arriscar, enfrentar desafios e cumprir com sucesso os nossos objectivos. E, este sentimento de sermos intrinsecamente capazes é, em larga medida, determinado pelas experiências da nossa infância e pela forma como ao longo do nosso crescimento nos fomos sentido aptos e capazes.

Não obstante, uma das principais queixas que surgem na prática clínica são as dificuldades, mesmo que encobertas, das crianças e adolescentes terem autoestima e segurança de si, como se, quase sempre se sentissem menos capazes que os seus pares.

Para inverter este processo, há algumas estratégias que os pais e educadores devem adoptar de forma a consolidar a imagem que uma criança tem de si própria e a poder sentir-se mais segura de si, nomeadamente:

Promover o autoconhecimento - ao estimular uma criança conhecer-se a si própria, a tomar consciência dos sinais que o pensamento e o corpo lhe transmitem, a identificar as suas emoções, as suas potencialidades e os seus pontos frágeis, estamos a dar-lhe uma bagagem que lhe permite sentir-se mais consciente e mais segura perante os desafios do dia-a-dia e as adversidades.

Ensinar a partilhar verbalmente as suas experiências - para além da tomada de consciência, é essencial que uma criança desenvolva a capacidade de partilhar aquilo que vivência. A partir do momento em que uma criança consegue partilhar, automaticamente os problemas parecem-lhe menos difíceis de enfrentar. Sendo que, o mais importante nesta partilha é a criança sentir que tem junto dela um colo capaz de, sem julgamentos, compreender aquilo que ela sente.

Promover a  autonomia  e atribuir  responsabilidades - quando promovemos a autonomia e  atribuímos responsabilidades a uma criança, como por exemplo, fazer a sua própria cama, estamos a mostrar-lhe - na prática - que confiamos e sabemos que  ela é capaz. E uma verdadeira segurança interna só existe, se paralelamente, a criança se sentir capaz nas tarefas do dia-a-dia.

Estabelecer rotinas - As rotinas permitem a previsibilidade e, sempre que sabemos mais ou menos o que vai acontecer e de que forma vai acontecer, mantemo-nos mais seguros.

Definir limites claros - Se por um lado as criança procuram fugir as regras, por outro lado, são as regras que lhe dão estrutura, estabilidade e a robustez que precisa para se desenvolver de forma segura e plena.

Ensinar a aceitar os elogios - se repararmos quase todos nós somos capazes de reagir no imediato a uma afronta ou a uma agressão verbal, mas temos alguma dificuldade em reagir a um elogio, como se, por vezes, um elogio nos deixasse sem jeito, como se sentíssemos que não o merecemos. É essencial que as crianças se permitam a aceitar elogios sem, à custa de um elogio, se sentirem envergonhadas ou, como se, não o merecessem.

Assim, é certo que uma criança mais segura de si, será sempre uma criança mais capaz em todas as áreas da sua vida (pessoal, social ou académica). Para isso, além de todas as estratégias, é importante não nos esquecermos que cada criança é singular e que uma criança será tão mais segura de si, quanto mais amada e mais colo tiver dos seus adultos de referência.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida da Escola do Sentir.