Tudo começa com a compra da mochila, momento em que há alguns aspetos que devem ser tidos em conta. Bruno Santiago, coordenador nacional da campanha e neurocirurgião explica que "o excesso de peso das mochilas associado a más posturas e hábitos de vida pouco saudáveis, contribuem para os problemas de costas mais frequentes na população infantil".

"Este ano, devido à pandemia, haverá uma preocupação natural dos pais para os cuidados de higiene e prevenção da transmissão do vírus. No entanto, não devemos descurar o cuidado com a alimentação, evitar o excesso de peso e promover o exercício físico regular das crianças. A importância da escolha das mochilas mais adequadas não deve ser negligenciada", adverte.

Atualmente cerca de 15% dos adolescentes portugueses sofrem de dores nas costas e estima-se que 60% das crianças e adolescentes já tenham sofrido deste tipo de dores em algum período durante a sua vida.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 80% dos adolescentes não pratica exercício físico de forma regular e um relatório da Direção-geral da Saúde (DGS) avança que, em média, as crianças passam 9 horas por dia em comportamentos sedentários.

Para inverter esta situação e salvaguardar a saúde das costas das crianças e jovens, é essencial ter uma atitude preventiva no que diz respeito à atividade física e à correta escolha e utilização das mochilas, explica o médico. "A má colocação da mochila nas costas e o seu excesso de carga, diariamente, podem provocar dores nas costas do seu filho", diz.

Como escolher a mochila ideal? Os conselhos do neurocirurgião Bruno Santiago:

- Opte por uma mochila que tenha duas alças e almofadas, de modo a não provocar contraturas musculares na criança;

- A mochila deve ter vários compartimentos, uma vez que os materiais devem ser distribuídos por forma a não causar pressão sobre os ombros;

- O tamanho da mochila não deve ultrapassar o nível superior dos ombros e deve ser colocada ao centro da coluna da criança;

- O peso da mochila com o material escolar não deve exceder 10% do peso corporal da criança;

No caso do percurso até à escola ser longo e sem escadas, deve optar pelo uso de trolley uma vez que alivia a carga nas costas.

Há estudos internacionais que demonstram que a prevalência de lombalgias ou dores lombares, embora mais baixa nas crianças (1-6%), aumenta consideravelmente nos adolescentes (18-51%), aproximando-se da prevalência nos adultos.

Nos últimos anos, a prevalência da lombalgia na população infantil tem apresentado um aumento notório, crescendo de 2-11% para 27-51%, dependendo da idade e da população avaliada.