Não é novidade que a incidência das doenças alérgicas continua a aumentar por todo o mundo, principalmente nos países industrializados e em idades cada vez mais precoces. O que se verifica é que as últimas gerações de crianças sofrem mais de alergias do que as anteriores. Quais as causas desta verdadeira epidemia do século XXI que, transversalmente, não poupa ninguém? As explicação é, aparentemente, simples!

Pensa-se que os estilos de vida modernos, a poluição e a alteração de hábitos alimentares podem contribuir para aumentar a frequência de doença alérgica. De facto, a vida atual é bastante diferente do dos nossos pais, que compravam os alimentos em mercados locais abastecidos pelas hortas dos arredores e que comiam fruta, legumes e leguminosas com poucos ou até mesmo sem nenhuns pesticidas.

Além disso, as refeições eram confecionadas com carne de galinhas de capoeira e de animais que se alimentavam de pasto. E, hoje, qual é a realidade, principalmente nas grandes cidades? As compras são feitas em grandes superfícies e os produtos vêm, muitas das vezes, dos quatro cantos do mundo, ao ponto de ninguém saber quais são os da estação. A carne é de aviário e o peixe, na sua maioria, de aquacultura.

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Isto para não falar dos 300 aditivos utilizados na indústria alimentar, como conservantes, antioxidantes, corantes e intensificadores de sabor, entre outros, e da fast food, que é um sucesso por todo o mundo.

Se a este quadro juntarmos a poluição atmosférica, as alterações climáticas e o estilo de vida frenético com o correspondente stresse emocional, podemos compreender porque as defesas do organismo humano são ultrapassadas e se adoece, nomeadamente de patologia alérgica.

Aconselho, por isso, que consuma produtos biológicos, sempre que possível, nomeadamente frutas, leguminosas, vegetais, hortaliças e legumes, frango do campo e carne de vaca de pasto. Recomendo ainda que, ao fazer as suas compras, escolha sempre produtos nacionais, evitando assim processos de congelação, de armazenamento e de deslocação, assim como processamentos vários, que não nos trazem benefício algum.

Sinais de alarme a ter em conta

Estas são as reações que, à partida, podem denunciar uma alergia alimentar:

- Comichão nos lábios, na língua e na garganta

- Vómitos e diarreia

- Reações cutâneas, nomeadamente urticária e angioedema

- Sintomas respiratórios, nomeadamente rinite e asma

- Choque anafilático, uma reação alérgica sistémica grave que ocorre de forma súbita e pode ter manifestações cutâneas, respiratórias, cardiovasculares e gastrointestinais. Este problema requer tratamento imediato

Texto: Filomena Falcão (alergologista)