Há quase 74 anos, Louis Réard viu-se aflito. No momento de contratar uma manequim para desfilar com a sua criação de moda mais irreverente, o biquíni, deparou-se com um problema. Nenhuma das modelos que contactou o quis vestir. Além de mostrar o umbigo, a peça também revelava parte das nádegas. A solução foi recorrer aos serviços de Micheline Bernardini, a dançarina que fez o trabalho que nenhuma manequim quis.

Micheline Bernardini. A dançarina corajosa que fez o trabalho que nenhuma manequim quis ainda é viva

No dia 5 de julho de 1946, a bailarina francesa, que dançava nua no Casino de Paris, nascida em Colmar, na Alsácia, 18 anos antes, foi a primeira mulher a vestir um biquíni em público. A criação de duas peças do estilista foi apresentada em conferência de imprensa na Piscine Molitor, em Paris, hoje convertida em hotel de luxo. Na altura, foi um escândalo. As fotografias de Micheline Bernardini de biquíni correram mundo.

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Só o jornal International Herald Tribune publicou nove notícias sobre a nova criação de moda. A dançarina, até aí desconhecida da maioria dos franceses, transformou-se rapidamente numa celebridade internacional.

Nas semanas seguintes, recebeu mais de 50.000 cartas de fãs. Dois anos depois, a bailarina, atualmente com 92 anos, emigrou para a Austrália. Entre 1948 e 1958, entrou em muitas das peças que o Tivoli Theatre, em Melbourne, levou à cena.

Apesar de se ter retirado da vida pública nas últimas décadas, para assinalar os 40 anos da apresentação pública do primeiro biquíni comercializado, Micheline Bernardini, na altura com 58 anos, voltou a fazer uma produção fotográfica com a peça. Mostrando que continuava a ser uma mulher destemida, foi fotografada por Peter Turnley, em 1986, sentada sobre um banco de madeira, com uma fotografia do famoso dia na mão.

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