Nasceu em Vale de Cambra e cresceu em Sever do Vouga mas é em Lisboa, para onde acabou por vir em 1972, que Helena Ramos tem passado grande parte da vida. Entrou para a RTP como locutora de continuidade e tornou-se apresentadora de programas, concursos e festivais. Em entrevista ao Modern Life/SAPO Lifestyle, fala da vida, do trabalho, das deficiências das apresentadoras de hoje e da doença que mais mulheres mata.

O que é feito de si?

Eu continuo na RTP. Estou na RTP2 e na RTP Memória a fazer programas. Continuo a trabalhar todos os dias…

Com a mesma garra e com o mesmo entusiasmo passados estes anos todos?

Com a mesma garra e com a mesma vontade! Qualquer dia, vou pensar em reformar-me. Ainda estou longe da idade da reforma mas já passei dos 60. Tenho 62 anos. Um dia destes, vou começar a pensar nisso…

Tem tido menos visibilidade em antena. Tem pena que, atualmente, a televisão não dê mais destaque às pessoas com mais experiência em detrimento de caras mais novas e de corpos mais tonificados?

Olhe, quer que lhe diga uma coisa? Nem vale a pena falar sobre esse assunto! Acho que não vale a pena… Eu tenho a minha opinião e ela não vai mudar em nada a filosofia das televisões. Tenho pena que não tenham uma política à semelhança das televisões estrangeiras. Mas, sinceramente, isso, a mim, já não me toca muito, percebe? Nunca me tocou. Eu não tenho o problema da imagem.

Felizmente, tenho vários cursos [tem duas licenciaturas, uma pós-graduação e um MBA em direção de empresas] e estou apta a fazer várias coisas. Tenho, acima de tudo, pena que as pessoas tenham pouca formação. Dizem muitas asneiras. Algumas não sabem falar português… Não são todas, felizmente!

Quem está à frente é que ganha o dinheiro e é quem manda e tudo isto é político. Portanto, não vale a pena… Muitas vezes, quem lá está à frente também não tem grande mérito. Já não é uma preocupação minha. Também nunca fiz grande frente a isso porque também não resolveria nada...

E, fora da televisão, tem outros projetos que a motivem?

A mim, motiva-me, acima de tudo, viver um dia de cada vez e ser feliz todos os dias. Ponto!

É isso que procura fazer diariamente?

Sim, procuro fazer isso diariamente. Gosto de olhar para os outros e de ajudar. Gosto de estar disponível para o que for preciso. A vida é muito curta e nós não sabemos quando é que vamos embora. Por isso, temos de viver momento a momento. Isso é que é importante!

Foi essa vontade de ajudar os outros que a levou, no fim de maio de 2017, a aceitar o convite para apresentar a Gala Solidária Amigas do Peito, um evento de beneficência para angariar fundos para apoiar mulheres com cancro da mama?

Sim, porque acho que temos sempre que apoiar estas causas. Estes eventos também dependem da nossa boa vontade e da nossa presença, como é evidente. Fiquei muito contente com o convite. Fui com todo o gosto. Aliás, interrompi o aniversário da minha mãe, que foi no dia 13, para vir mais cedo e para poder estar presente em Sintra na gala.

Felizmente, ao contrário de muitas mulheres, esta doença é uma realidade que lhe tem passado ao lado…

Sim, felizmente. Mas, como disse na altura da apresentação [da apresentação da edição de 2017 da Gala Solidária Amigas do Peito], não tenho cancro da mama… ainda! Porque a gente nunca sabe o que nos pode acontecer amanhã, não é? Não tenho este problema na família mas isso não quer dizer nada hoje em dia…

Enquanto mulher, é vigilante e atenta? Faz regularmente o autoexame da mama e os rastreios que os médicos recomendam?

Olhe, eu sou muito pouco atenta e muito pouco vigilante. Agora estou um bocadinho mais cuidadosa mas acho que todas devemos ter este cuidado. Felizmente, hoje em dia, os tratamentos do cancro da mama estão tão avançados que esta passa, em muitos casos, a ser uma doença crónica.

Há, neste momento, outros cancros que são mais perigosos que o da mama. Agora, em qualquer tipo de doença, a nossa cabeça manda tudo e, neste caso, em que esta palavra em si já é tão assustadora, a nossa cabeça ainda manda mais. Ainda tem que mandar mais!

Foi isso que sentiu nas mulheres com quem contactou em Sintra?

Sim. As pessoas são, realmente, muito positivas. Passam por cima das coisas com muita fé e com muita força psicológica. Eu acho que isso é importante, assim como ter bons amigos, uma boa família e bons médicos…