Foi um dos momentos mais inesquecíveis daquelas férias. Uma experiência sensorial daquelas que perduram na memória. Nessa noite ainda, viajávamos para Banguecoque, na Tailândia, onde no dia seguinte, com muita pena nossa, apanharíamos o voo de regresso a Portugal. Naquele fim de tarde, já o sol se tinha posto, queria aproveitar ao máximo as últimas horas no Camboja e foi o que fiz na encantadora piscina do Raffles Grand Hotel d'Angkor.

Mergulhei vezes sem conta naquelas águas, de onde só saí quando já a noite tinha caído, contemplando, imersão após imersão, a fachada do edifício colonial, iluminada então com uma luz suave. Àquela hora, enquanto no interior já serviam jantares, eu era o único na piscina. Eu e o reflexo da lua e das luzes naquela água tépida, rodeada de uma vegetação que exala um aroma floral, de um país que havia acabado de me conquistar.

«O verdadeiro luxo não está no que fazes. Está na forma como o sentes», pode ler-se no site desta unidade hoteleira. Não podia estar mais de acordo. Aberto em 1932, o Raffles Grand Hotel d'Angkor passou, ao longo dos anos, por sucessivos processos de restauração e de modernização. Ainda assim, continua a manter o charme de outrora, preservando intactos pormenores surpreendentes, como a caixa exterior do elevador do lobby, que ainda se mantém a original.

Hoje, o porteiro ainda acolhe os hóspedes com a farda inspirada na que era usada no palácio real que está na origem do hotel. À segunda-feira, as calças que usa são cor de laranja. Todos os dias têm uma cor diferente. Veja a galeria de imagens desta unidade hoteleira de cinco estrelas, onde já pernoitaram celebridades e figuras públicas como o ator Charlie Chaplin, a antiga primeira-dama dos EUA Jacqueline Kennedy Onassis e o presidente francês Charles de Gaulle.

Oásis de tranquilidade num país que fascina

Construído em Siem Reap, num terreno com cerca de 15 hectares, maioritariamente ocupados por jardins de inspiração francesa e por aquela que é a maior piscina do Camboja, o Raffles Grand Hotel d'Angkor é hoje um oásis de tranquilidade que cativa de imediato os turistas que visitam a cidade, uma das mais procuradas do país. Os famosos templos que a UNESCO decretou património geral da humanidade ficam a uma distância de apenas 10 minutos de tuk-tuk.

Depois de se instalar e de conhecer a zona envolvente, negociar um transporte que o leve diretamente até às construções antigas é uma das primeiras coisas a fazer. Se tiver o azar do motorista, entretanto, encontrar quem lhe pague mais, corre sérios riscos de ficar apeado no dia seguinte. Mas, mesmo que tal suceda, como aconteceu connosco, rapidamente encontra outro disposto a ser o seu condutor privativo durante um ou dois dias.

Pelo sim pelo não, combine logo pagar o valor acordado só no final do serviço, para ter a certeza que o seu condutor cumprirá o estipulado. Depois, é só rumar às bilheteiras do Parque Arqueológico de Angkor, adquirir o ingresso e definir os templos que pretende ver. O de Angkor Wat é o mais famoso mas o de Bayon, o de Banteay Srei, o de Preah Khan, o de Phnom Bakheng e o de Thommanon também não lhe ficam atrás.

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Os sabores cambojanos que deve (mesmo) provar

Depois de deambular por entre ruínas à procura de estátuas e de elementos figurativos que resistiram à passagem do tempo, regressámos ao Raffles Grand Hotel d'Angkor. Após um duche rápido e uns refrescantes mergulhos na piscina, dirigimo-nos ao Le Grand, o restaurante da unidade hoteleira, que aposta numa cozinha que alia o melhor da gastronomia khmer a sabores e influências mais ocidentais. Para começar, não perca a seleção de entradas cambojanas.

Depois, prossiga com outra especialidade local, um amok, prato preparado com peixe confecionado a vapor com especiarias suaves e ervas locais, servido numa casca de coco. Absolutamente irresistível! Depois da sobremesa, dê um salto à rua dos bares da cidade (pode ir a pé) ou vá até ao Elephant Bar, ao Café d’Angkor ou ao Wine Celler, outro dos sete espaços de restauração da unidade hoteleira, um wine bar com uma adega com mais de 400 vinhos de várias partes do mundo. Uma das maiores do país.

Além desses espaços de convívio, esta unidade hoteleira, uma das mais reputadas de Siem Reap, integra 119 habitações, incluindo quartos e luxuosas suites com vista para os jardins e para a piscina, duas das mais luxuosas villas da localidade que garantem uma maior privacidade, um spa que disponibiliza tratamentos e rituais khmer e salas para eventos. Elementos colonialistas, pormenores de inspiração Art Deco e peças contemporâneas convivem tranquilamente numa decoração repleta de charme.

Os mercados e o pôr do sol com vista para o lago

Localizado no antigo bairro francês da cidade mais visitada do Camboja, a apenas oito quilómetros dos principais templos, o Raffles Grand Hotel d'Angkor, reaberto em 1997 depois de um período de encerramento, é o local perfeito para pernoitar durante uma visita àquelas paragens. Além de uma galeria repleta de estatuária tradicional típica da região, também é palco de jantares com animadas e coloridas exibições de danças locais. Um espetáculo que deve integrar o seu roteiro de visita ao país.

Além de se deixar seduzir e encantar pelo sorriso fácil e pela simpatia das suas gentes, existem outras atrações a incluir na sua lista. Os mercados vibrantes, onde não faltam joias e artesanato, são imperdíveis, tal como uma ida até às margens do lago Tonle Sap para observar um imponente pôr do sol, uma deslocação até à aldeia flutuante ou um passeio de elefante até uma das citadelas de Angkor. Naquela noite, naquela piscina, depois de fazer tudo isto, deixei lá um bocadinho de mim…

Apesar do clima do Camboja ser tendencialmente quente ao longo de todo o ano, o período entre novembro e fevereiro, com os termómetros a rondar os 25º C, é a melhor altura, dizem os especialistas, para visitar o país, uma vez que as temperaturas são mais moderadas e mais agradáveis, não atingindo valores na casa dos 35º C, como sucede entre março e maio. No entanto, essa é também a altura mais procurada pelos turistas.

Essa situação acaba por gerar um maior afluxo de visitas aos templos e também um maior número de filas, mas nada que não se consiga gerir com alguma facilidade. Entre junho e outubro,a época das chuvas, apesar da beleza da vegetação, tende a existir muita lama nas estradas, a maioria ainda em terra batida. Ainda assim, se não tiver outra possibilidade, aproveite porque este destino de sonho vai seguramente conquistá-lo.

Texto: Luis Batista Gonçalves