No mundo das plantas, a sua grande paixão são as orquídeas. Não há aficionado que não conheça José Santos, um especialista que há muito abandonou a condição de jardineiro amador.

No seu blogue, nas páginas a revista Jardins, nos cursos que promove e em numerosas iniciativas em que participa, as orquídeas estão sempre presentes.

Mas, desta vez, fala sobretudo do seu jardim, um espaço cheio onde há sempre lugar para mais plantas. «Além deste amor e curiosidade que tenho desde sempre pela natureza, as plantas e os animais, acredito que as minhas primeiras influências tenham vindo da minha família, da minha avó materna, da minha mãe e das minhas tias que adoram plantas e jardinagem», explica.

«A minha maior paixão, as orquídeas, lembro-me que as primeiras que vi e pelas quais me apaixonei, foram no jardim de uma senhora madeirense que foi viver para a minha terra natal, Vila Nova de Milfontes», revela. A sua coleção de plantas é grande e única.

«Tenho muitas espécies diferentes
no meu jardim e algumas bastante raras.
O jardim está completamente cheio mas há sempre espaço para mais alguma coisa.
A minha coleção é mais rica do que muitos jardins botânicos portugueses, apesar de ser um espaço pequeno e de ser um jardim de vasos», afirma mesmo.

«Além de cerca de duas centenas de orquídeas, tenho uma boa colecão de fuchsias (brincos-de-princesas), sempervivum, begónias, bromeliáceas, fetos e plantas carnívoras, além de aquilégias, clematis, algumas roseiras, ácers, suculentas e muitas plantas bolbosas que vão colorindo o jardim ao longo de todo o ano. Fomos nós cá em casa que idealizámos e fizemos tudo», admite.

«O espaço não é muito grande. Não é mais do que um terraço, mas tem de tudo um pouco, nomeadamente uma estufa para plantas tropicais, um túnel para plantas de sombra, pérgulas, um pequeno lago e muitos cestos, vasos e outros recipientes cheios de plantas muito variadas», descreve.

Um jardim, na sua opinião, deve estar em constante evolução. «Tanto o nosso gosto evolui como estão sempre a aparecer novas plantas e novas ideias. Também pelas exigências de algumas plantas faço algumas modificações no jardim», revela. A sua paixão pelas plantas é tão grande que não vive sem elas.


Veja na página seguinte: O tempo que dedica diariamente ao jardim

«Dedico ao jardim sempre alguns minutos por dia», desvenda. «Tomo sempre o pequeno-almoço cirandando pelo jardim, onde observo o que floriu e o que precisa de ser feito», conta.

«Depois a manutenção e as regas são feitas diariamente ou quando me é possível. Felizmente, a minha profissão
permite-me tirar algumas horas por semana para estar no jardim», regozija-se.

Os últimos tempos têm sido de obras em casa. «Estamos a instalar um conjunto de cinco pérgulas para colocar plantas trepadeiras e já só falta uma», diz.

«Essas pérgulas também vão permitir aumentar a zona de sombreamento, pois durante os meses de verão o jardim recebe muito Sol e assim podemos proteger melhor a nossa coleção botânica», revela.

Mas não é só o seu jardim que aprecia. «O jardim público que mais gosto em Portugal é talvez a Estufa Fria, que foi recentemente aberta ao público. Pelo ambiente tropical e pelas plantas que não estão desleixadas. Tenho uma opinião muito triste dos jardins botânicos portugueses, especialmente os lisboetas. Os jardins portugueses mais bonitos que conheço
são particulares», confessa.

«A Estufa Fria está bem idealizada e todo o ambiente tropical é muito bonito. Podia ser muito melhor aproveitado mas, para mim, é o melhor que temos», sublinha. «O meu jardim público favorito estrangeiro é o Jardim de Wisley, a Sul de Londres. Mas também adoro os Kew Gardens, o Sissinghurst Castle Garden, o Great Dixter, o Project Eden e tantos outros jardins ingleses. Não há ninguém melhor do que os ingleses na arte da jardinagem», considera.

A ferramenta que mais usa é, talvez, a tesoura de poda. «Sou um jardineiro que gosta de mexer na terra com as mãos e raramente uso luvas mas as podas no jardim são essenciais e a tesoura anda sempre no bolso», afirma. Muitas das manhãs dos seus domingos são passados em centros de jardinagem.

«Os Jardins de Sintra, a Rosa Bacará, a Quinta da Eira e a Viplant fazem parte da minha ronda domingueira pelos centros de jardinagem. Quando vou a casa dos meus pais é imprescindível uma visita ao Espaço Sudoeste, em Vila Nova de Milfontes, o melhor e mais variado centro de jardinagem do país», assegura.

A opinião de quem o rodeia também é importante. «O contacto das pessoas que leem os meus artigos ou o meu blog, que vão aos meus cursos ou que passam pela minha loja, nem que seja para conversar sobre esta paixão. São um dos melhores presentes que me podem dar», assume.

«A jardinagem não é só fazer crescer plantas, toda a partilha saudável de experiências entre jardineiros é muito interessante. Felizmente com as novas tecnologias podemos partilhar muito com jardineiros de todo o mundo o que é fantástico», refere ainda.

Generoso, gosta de oferecer o seu livro «Cuidados e Conselhos para as suas Orquídeas», sobretudo «a gente que sei que o vai ler religiosamente», admite. «Normalmente, sigo alguns blogues de jardinagem e de associações ou instituições que considero interessantes. Podem encontrar os links no meu blogue», sugere.