Este é pelo menos o quarto caso de abate de aves por gripe aviária em menos de um ano (e o que implica mais animais), sendo a segunda vez consecutiva que tal acontece em época de ano novo lunar, quando há uma maior procura por galinhas, um ingrediente essencial nos banquetes festivos. No entanto, o Governo continua sem calendário para a prometida proibição da venda de aves vivas.

O vírus, de subtipo H7, foi detetado numa amostra de 2.000 galinhas vivas no mercado abastecedor de Macau, o que levou as autoridades a ativarem o plano de contingência, que inclui o abate de todas as aves presentes, neste caso 18.261 – 14.021 galinhas e 4.240 pombos.

Além do abate e da limpeza especial do mercado abastecedor, a venda de aves vivas fica suspensa por pelo menos três dias. Segundo o diretor dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, “o condutor, que teve contacto direto [com as aves], voltou à China. Agora estamos a investigar se houve mais pessoas que tiveram contacto”.

O último caso de abate de aves de capoeira (cerca de 10 mil) pelo mesmo motivo foi em dezembro e gerou o primeiro caso de infeção humana, num dono de uma banca de venda de aves por grosso. O homem entretanto recuperou.

Este mês registou-se o primeiro caso importado numa mulher de Macau, mas com residência na China, onde criava galinhas e fez compras em mercados de aves.

Proveniência dos animais infetados desconhecida

As autoridades ainda não sabem qual a proveniência dos animais infetados, e não revelaram qual o fornecedor dos lotes infetados anteriores, mas o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, garantiu que não foi sempre o mesmo.

Tavares disse ainda que, apesar de a substituição de aves vivas por refrigeradas ser um “objetivo” do Governo, não há ainda qualquer calendarização para essa medida.

Um estudo divulgado em junho indicou que quatro em cada dez residentes de Macau se opõem à substituição de aves vivas por refrigeradas.

O inquérito, destinado a avaliar a reação do público à medida que o governo de Macau pretende aplicar para prevenir surtos de gripe aviária, concluiu que 42,2% dos 1.026 inquiridos manifestam-se contra ou absolutamente contra a medida, 24,2% exprimiram concordância ou absoluta concordância e 33,3% afirmaram serem indiferentes ao assunto.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou esta semana estar em alerta perante a propagação de surtos de gripe das aves, com casos reportados em cerca de 40 países desde setembro passado.