Resumido a um mero número de escassos dígitos, ainda por cima, o orgasmo soa a algo de somenos importância. Entre sete a cento e sete segundos é quanto pode durar a versão feminina do ponto alto do prazer. As mulheres que têm orgasmos múltiplos demoram, em média, cerca de oito minutos a chegar a esse patamar. As que não são capazes de uma tal proeza somam 27 minutos até o momento do clímax. Agora esqueça os números e concentre-se no tema.

Sem dígitos, médias, estatísticas ou imagens, mas apenas com palavras, seria ou não capaz de descrever um orgasmo? Claro que não é fácil! Mas o resultado final dessa reflexão pode ser tão abstrata quanto divertida. É um autêntico exercício de autoconhecimento. A tarefa foi árdua, mas nós conseguimos que nove destemidos homens e mulheres o fizessem e partilhassem as suas metáforas pessoais consigo. Eis as descrições:

1. Michael, 32 anos

«É como um fogo de artifício numa noite de fim de ano. Ficamos ansiosos por o ver, é magnífico quando acontece e acaba sempre mais cedo do que o que desejávamos, deixando-nos uma boa recordação e gratos por aquele momento especial», refere.

2. Joana, 30 anos

«É um formigueiro nos pés, uma sensação de plenitude e descarga de energia», caracteriza. «É um alheamento de mim mesma, um estado zen, um momento fugaz, um rasgo de felicidade nos dias rotineiros», acrescenta ainda.

3. António, 44 anos

«É como ressuscitar após a morte. Uma alegria enorme. É abalar deste mundo e voltar», descreve este homem.

4. Helena, 30 anos

«É um autêntico paradoxo», começa por afirmar. «Fico tão consciente do meu corpo como ausente dele», desabafa.

5. José, 26 anos

«É uma energia que se gera no centro do corpo e quando não há mais espaço para ela é expelida, deixando um vazio nostálgico que me deixa os joelhos sem força», caracteriza.

Veja na página seguinte: O orgasmo comparado a uma... queda no penhasco!

6. Margarida, 42 anos

«É uma sensação de calor e vibração que percorre o corpo todo, em que a mente por momentos não pensa, limitando-se a sentir um imenso bem-estar», confessa.

7. Isabel, 30 anos

«A terra move-se de forma diferente», começa por dizer. «É uma sensação eletrizante que se espalha pelo corpo, como uma onda que cresce, ganha força e dimensão até desmaiar na praia e beijar a areia. É como cair de um penhasco, mas sem sentir medo porque se acredita que se pode voar», compara.

8. Beatriz, 60 anos

«Quando há amor, não se resume a uma explosão física. Acontece a união total que se vai transformando numa paz absoluta. Sem amor o orgasmo é um... acidente», considera.

9. Maria, 35 anos

«É uma debandada de patos bravos grasnando e voando rumo ao céu», opina.

Texto: Nazaré Tocha