O amor é mesmo assim. Tão depressa precisa de ser partilhado para ganhar novo ânimo, como refreado, para marcar uma posição. Em ambas as situações, importa apenas senti-lo ou, se for o caso, partir em busca dele. Estas são algumas das mudanças que deve fazer para se libertar do medo de lidar com as suas emoções:

- Vou dizer mais vezes «amo-te!»

Esta decisão «revela que está na sua relação porque o traço de união ainda é afetivo e emocional, não tanto logístico, económico ou por hábito», analisa Alcina Rosa, psicóloga clínica. Ao verbalizar os seus sentimentos, diz a especialista, «estará a dar cor e emoção à sua vida», realça a especialista, que recomenda uma estratégia sem medos nem receios.

Se já o diz mas gostaria de o dizer mais vezes, «deve fazê-lo sem banalizar os sentimentos, sentindo-o de facto», explica Alcina Rosa. Se está só agora a começar, «tente perceber qual a forma mais genuína de transmitir os seus sentimentos e avance. Pode fazê-lo verbalmente ou através de gestos tão simples como aninhar-se no sofá ao lado do seu companheiro ou com uma troca de carinhos», sugere.

- Vou cuidar mais da minha relação

Esta decisão revela que está emocionalmente disponível para «agarrar a sua felicidade e apostar no seu bem-estar individual e enquanto parte do casal», diz Alcina Rosa, psicóloga. Partindo do princípio que uma relação não é (sempre) um mar de rosas, a primeira premissa, diz Alcina Rosa, é «adaptar as expectativas à situação real e não a um ideal projetado». Tentar mudar o outro ou adequá-lo a si pode originar conflitos.

«A melhor forma de cuidar da relação é encontrar soluções quotidianas que tragam calma e harmonia à vida a dois. Pode encontrá-las em coisas tão simples como telefonar-lhe a meio do dia, oferecer um presente simbólico que tenha a ver com ele, combinar uma saída a dois e arranjar, todos os dias, tempo e espaço para o casal», exemplifica a especialista.

- Vou voltar a apaixonar-me

«Em termos emocionais, o verbo querer, provoca muita ansiedade», sublinha a psicóloga. O amor, diz Alcina Rosa, «não é como um objeto que se controla temporalmente, não se quer e se tem». Não, «o amor faz parte do domínio do acontecer, pelo que o melhor é pensar algo como eu gostaria de voltar a apaixonar-me» em vez de, mesmo que inconscientemente, estar a definir um tempo para que isso aconteça. Essa postura de não ficar à espera que a vida aconteça revela «uma atitude mais ativa, de investimento em si e na sua vida», diz.

Passe à prática, mudando o seu comportamento. «Aumente o número de interações sociais. Saia, conviva, divirta-se e junte-se a grupos de interesse que lhe permitam conhecer pessoas», diz Alcina Rosa, lembrando, porém, que «deve evitar centrar a sua felicidade na realização ou não do seu desejo, sob pena de se sentir frustrada, desvalorizada e inquieta», realça.

- Vou educar sem sentimentos de culpa

O amor de mãe não pode condicionar as regras educacionais que deve transmitir aos seus filhos. «Dizer não e impor limites aos filhos traz, em alguns casos, sentimentos de culpa. Reconhecê-lo revela uma necessidade de alterar os seus paradigmas educativos e o próprio papel de mãe», refere Alcina Rosa. «Dizer não faz parte da educação e dos valores que deve transmitir aos seus filhos, caso contrário poderá estar a encaminhá-los para um mau desenvolvimento pessoal», alerta.

Não é isso que quer, pois não? Então passe à prática. Lembre-se de que «o seu papel é educar e aprender a dizer que não é tão importante como dizer que sim», diz. «Objetive as situações que gostaria de ver alteradas e, sempre que estiver perante esse cenário, controle-se e decida-se pela atitude/resposta que considera mais justa e não a que vai agradar mais ao seu filho», mesmo que isso, no momento, lhe pareça desmedido ou até cruel.

Texto: Nelma Viana com Alcina Rosa (psicóloga)