Desde 2008 que não se
fala de outra coisa a não ser em crise! As dificuldades económicas
obrigaram muitas famílias a
apertar o cinto e as discussões
sobre dinheiro são uma das
principais causas de separação
dos casais.

Se é o seu caso, ou se
receia que a economia afecte a
sua relação, pare, pense na forma
como gere as suas finanças e siga
os nossos conselhos.

Adopte estas regras de poupança e, lembre-se, nunca (mas nunca!) fale de dinheiro após
um dia de trabalho.

Mãos-largas vs controlados

Um acredita que a vida são
dois dias e que o dinheiro serve
para gastar, o parceiro prefere
poupar pois nunca se sabe o
dia de amanhã. «Mãos-largas
e controlados são os perfis
ideais para se equilibrarem
e crescerem» refere Pedro
Queiroga Carrilho no livro «O Primeiro Milhão para Casais» (Lua
de Papel).

«Se por um lado é difícil ao
mãos-largas poupar dinheiro e abdicar
de gratificações imediatas em função
de objectivos maiores, por outro lado
poderá complementar e aprender com o
controlado a necessidade de ter planos
e da prevenção», exemplifica. Já os
controlados poderão beneficiar de uma
maior exposição a outras experiências.

Conselho
«Não se esqueçam que os vossos
padrões de consumo são contrastantes e que
deverão falar abertamente sobre dinheiro, sob
pena de terem várias discussões», diz Pedro
Queiroga Carrilho.

1+1=11

As finanças podem contribuir para a
qualidade e longevidade da relação, mas
não existem regras universais. O importante
é que encontrem um método que
funcione para ambos, de forma a aproveitarem
a vida sem viverem em função
do dinheiro, diz o especialista em
finanças pessoais. «Se estiverem alinhados
conseguem sinergias. Ao adicionarem
um mais um conseguem 11, em vez de
dois», sublinha.

Quando essa sintonia não existe
o resultado pode ser o desperdício de
energia e as discussões. «Recomendo
aos casais que se sentem no início de cada
ano para planear o orçamento anual.
Todos os meses devem olhar em conjunto
para as despesas do mês e falar sobre os
objectivos financeiros», acrescenta.

Conselho
Faça um cesto dos sonhos. «Onde
querem estar daqui a cinco anos? Na mesma
casa? No mesmo emprego?» Este é um
exercício essencial para todos os casais. «Se
definirem sonhos de curto ou de longo prazo
vão visualizá-los melhor», frisa.

Veja na página seguinte: Quando o casal tem (mesmo) de falar sobre dinheiro

Falar sem discutir

É um mito acreditar que tudo vai correr
bem se ninguém falar sobre dinheiro. «Os casais mais felizes e bem sucedidos
financeiramente reconhecem a importância das conversas sobre dinheiro
e aceitam-nas como algo natural», realça.


Mesmo que lidem com os euros
de formas
diferentes, a solução passa
por combinarem os dois estilos.
Geralmente, mulheres e homens têm
interesses distintos e enquanto eles são
mais propensos a riscos financeiros,
elas tendem a gerir melhor as finanças
domésticas e a conseguir esticar o
dinheiro.

«Se as capacidades de planeamento
e controlo financeiro surgem mais
naturalmente nas mulheres, porque não
complementarem os vossos rendimentos
com melhores investimentos a dois?»
sugere o autor, frisando que «vivemos
tempos de frugalidade, onde a razão deve
suplantar a emoção».

Conselho
Não falem sobre dinheiro depois
do jantar. «Após um dia de trabalho estamos
mais cansados e os diferentes pontos de vista
podem escalar para outras discussões», alerta.

Poupança a dois

Para os casais que vivem juntos há
pouco tempo, esta é a altura indicada
para abrir uma conta bancária
conjunta, mantendo uma conta
individual. «As contas separadas
permitem manter a independência,
servindo a conta conjunta
para
aproximar as finanças do casal, geridas
através do planeamento de gastos
comuns», recomenda.

No início da
relação, as compras de grande valor
não devem ficar no nome de um
dos elementos. «A compra de uma
casa deverá ficar no nome dos dois,
contribuindo ambos para a mesma»,
exemplifica.

Conselho
Numa situação ideal, o casal deveria
conseguir viver apenas com um ordenado,
poupando o outro. «Se tal não for possível
experimentem pelo menos pagar todas as
compras a pronto pagamento. Assim não estão
a contrair dívidas logo no início da relação»,
sugere.

Esticar o orçamento

Ainda que pareça difícil esticar o
ordenado e poupar alguns euros, existem
várias formas de cortar nas despesas.
Luís Ferreira Lopes dá algumas dicas no
livro «Seja Mais Esperto Que a Crise». «Lembre-se de que as lojas
que vendem bijutaria a preços acessíveis
não deixam de ser autênticas armadilhas
para a carteira. Se gastar cinco euros por
semana são 20 euros por mês e 240 euros
por ano».

Quanto aos telemóveis, «já se deu ao trabalho de comparar as
tarifas dos operadores concorrentes?», questiona o editor de economia da SIC.
E lembre-se que, se poupar cinco euros por
dia em café, bolos ou cigarros, poderá
poupar 1 825 euros num ano!

Conselho
Abra o guarda-roupa, faça
uma selecção das peças que já não usa e
experimente vendê-las nas lojas de roupa em
segunda-mão que voltaram a estar na moda.

Texto: Sónia Ramalho com Pedro Queiroga Carrilho (especialista em poupança e investimentos)