Muitos casais almejam uma sintonia quase siamesa mas a realidade nem sempre corresponde aos maiores anseios de cada um. Quais são as queixas deles e delas? Falta de tempo, de romantismo, de desejo, falta de atrevimento… Quando chega a hora deles e delas se enrolarem, quais são as coisas que uns e outros gostariam de mudar? Quisemos saber de que forma é possível dar a volta à situação. Se for o caso, implemente estas soluções e melhore a sua vida amorosa e íntima.

As principais queixas delas:

- Falta de desejo

A maior parte das mulheres queixa-se de falta de disponibilidade para o sexo, devido aos filhos preencherem grande parte do seu dia ou porque têm uma carreira exigente. «Entre as tarefas domésticas e os compromissos profissionais, procure encontrar espaço para namorar. Não interessa a quantidade do tempo, mas sim a qualidade do tempo passado a dois. Uma surpresa, por exemplo, pode ser suficiente para mostrar que o parceiro está atento e reforçar a importância da companheira na relação», recomenda Vânia Beliz, sexóloga.

- Falta de romantismo

Muitas mulheres sentem falta de atenção e de serem mimadas pelos parceiros. Esta ausência que rotulam, tantas vezes, de carência é um dos motivos apontados para os affairs ou flirts que lhes enchem o ego. «O parceiro nunca deve deixar de elogiar e mimar a companheira. Os elogios e os mimos são fundamentais para reforçar a sua autoestima, muitas vezes, frágil», adverte Vânia Beliz.

- Traição do parceiro

Algumas mulheres deparam-se com situações de traição por parte do parceiro. No entanto, é muito comum que estas situações sejam o reflexo de crises pessoais, como insegurança e baixa autoestima do homem. Uma relação extraconjugal é, muitas vezes, uma massagem ao ego masculino, uma vez que leva os homens a sentirem-se desejados. A ausência de desejo sexual do companheiro nem sempre é um sinal de que ele tem outra. Existem realmente casos em que o desejo sexual hipoativo (falta de desejo) no homem existe.

Por outro lado, há situações em que os homens se tornam mais atenciosos como forma de compensar a traição e podem mesmo aumentar a frequência sexual. «Para algumas pessoas uma traição é imperdoável, enquanto para outras serve como alerta para algo que não está bem e ajudar a fortalecer o vínculo afetivo (alguns estudos referem que as mulheres têm mais dificuldade em aceitar uma traição emocional do que física ou puramente sexual)», afirma Fernando Mesquita, sexólogo.

Lidar com o facto está, contudo, longe de ser pacífico, sobretudo numa fase inicial, quando à partida não o fazia prever. «Mas a descoberta de uma traição provoca, geralmente, na pessoa traída, sofrimento, diminuição da autoestima e depressão. Pelo que, muitas vezes, é importante a ajuda de um especialista», recomenda o especialista.

- Dificuldade de se entregarem

É uma dificuldade mais comum nas mulheres entre os 30 e os 40 anos, altura em que são confrontadas com o desejo de terem uma relação amorosa. O maior risco é tornarem-se obsessivas em formar uma família e apegarem-se demasiado a alguém, mesmo que não se encaixe no seu perfil. «O primeiro passo é aceitarem que, se realmente querem mudar a situação, não podem ficar de braços cruzados», recomenda Fernando Mesquita.

«Procurem conhecer novas pessoas, alarguem o ciclo de amigos e invistam algum tempo em atividades de grupo (aulas de ginásio, formações, aulas de dança, entre outras). Mas não o façam apenas com o intuito de conseguir o tal, caso contrário, cada dia que regressam a casa sozinhas só irá aumentar a tristeza. Além disso, devem tentar perceber se essas dificuldades escondem um problema mais profundo», refere ainda Fernando Mesquita.

Queixas de ambos:

- Falta de tempo e a rotina

A maior parte dos casais queixa-se da rotina e da exigência do dia a dia. Atualmente quem está no mercado de trabalho, chega a acumular várias funções, o que se traduz num cansaço difícil de ultrapassar. «O casal deve junto planear momentos a dois e obrigar-se a parar. Todas as relações passam por momentos mais intensos e outros em que existe maior distanciamento», refere Vânia Beliz, sexóloga.

Apesar das agendas apertadas, este é um problema que tem resolução. «Por isso, nada como se propor a parar e conquistar quem mais deseja, o feliz para sempre só existe nos contos de fadas. Se não procurar ser feliz, o príncipe ou a princesa podem mesmo partir para outra história», acrescenta a especialista.

- Dificuldades de comunicação

São raros os casais que quando questionados, em consulta, sobre a sua forma de comunicação que não dizem «Isso não é problema para nós, falamos de tudo». No entanto, com o avançar das sessões vão-se apercebendo que, na realidade, falam muito, mas comunicam pouco. Uns porque se focam em demasia no problema que têm para resolver e esquecem o que está à sua volta, outros porque se julgam tão íntimos que acreditam que conseguem ler o que o outro está a pensar, e ainda há aqueles que criam assuntos tabu, com receio da reação da outra parte.

Posturas que não poderiam estar mais erradas. Pois, quando não se pode ser quem se é naturalmente, sentimo-nos amarrados e não conseguimos ser naturais, o que provoca um sentimento de frustração que se vai instalando, aos poucos, na nossa alma. «Não existem receitas absolutas. Mas há um conselho imprescindível: evite adiar a resolução do problema, logo que surgem os primeiros sinais de que algo não está bem na relação. O maior erro que se pode cometer é esperar que o tempo, só por si, resolva os problemas», aconselha Fernando Mesquita, sexólogo.

As principais queixas deles:

- Excessiva preocupação com a beleza

Muitos homens referem nos consultórios que a maior parte das mulheres se queixa da sua imagem e que isso limita a sua intimidade. A baixa autoestima apontada às mulheres pelos parceiros origina dificuldades e potencia alguns conflitos, afastando-os da intimidade. «Caso o parceiro verifique que existem motivos para a parceira estar insegura, deve ajudá-la a encontrar uma meta e estratégias que visem sentir-se melhor, como por exemplo incentivá-la à atividade física, podendo até partilhar com ela essas actividades», refere Vânia Beliz.

- A inibição delas

Com frequência, os homens referem que com o avançar da relação as mulheres passam a estar mais inibidas, deixando de estar disponíveis para determinadas aventuras ou práticas. Este facto é justificado por elas pela ausência de atenção e/ ou romantismo ou até indisponibilidade. «Aborde a sua companheira com este assunto, na tentativa de compreender o porquê da mudança do comportamento», propõe a sexóloga.

- Pressão para o compromisso

Muitos homens referem que mesmo quando as mulheres parecem estar apenas interessadas em sexo que rapidamente passam a exigir mais, referem, ainda, que as mulheres não têm a mesma facilidade em separar amor de sexo e isso é sentido como constrangedor, porque nem sempre o que elas querem fazer crer é verdade. «Se o objetivo é prazer e satisfação, as regras devem ser claras, desde o início», realça Vânia Beliz.

- Demasiado intimidadoras

Alguns homens já começam a referir algumas dificuldades perante algumas mulheres que sentem como ameaçadoras, mulheres que tendem a dominar na cama e que exigem prazer e uma boa performance. «Para evitar a intimidação, as mulheres devem deixar espaço para a conquista. Afinal, biologicamente, os machos caçam e essa inversão de papéis pode causar medo, ansiedade e potenciar algumas falhas», refere Vânia Beliz.

Texto: Helena Ales Pereira e Sofia Cardoso com Vânia Beliz (sexóloga) e Fernando Mesquita (sexólogo)