“Penso que houve uma evolução enorme na forma como Wagner entendia as mulheres. Numa primeira fase, colocava-as num plano inferior, como era habitual na época. No fim da vida, percebe que a mulher está num plano igual ao do homem”, defende Eugénio Harrington Sena, que esta segunda-feira, dia 6, dá uma conferência em Lisboa sobre o compositor alemão do século XIX.

A conferência está marcada para as 18h30, no Grande Auditório da Culturgest. Tem entrada gratuita e dirige-se ao grande público. É a primeira de quatro conferências intituladas “Conversas com Wagner”, que terão lugar em todas as segundas-feiras de Janeiro. Hoje e na próxima semana o tema é “Feminino em Wagner”.

Especialista em Richard Wagner e antigo diretor técnico da Culturgest, Eugénio Harrington Sena explica que o compositor “viveu sempre fascinado pelo feminino”. “Em pequeno, provavelmente por influência da mãe e das irmãs, adorava a roupa feminina, os tecidos e os cheiros. Mas esteve sempre na encruzilhada entre o amor espiritual e o amor sensual.”

As heroínas das suas óperas são, em certa medida, reflexo das mulheres que Wagner foi conhecendo ao longo da vida. Daí que, no entender de Eugénio Harrington Sena, a personagem Kundry, da sua última ópera, Parsifal, seja a súmula de todas as personagens femininas anteriores.

“É através de Kundry que ele percebe que as mulheres são iguais aos homens”, afirma o conferencista. “Sei que é uma tese discutível, mas serve-me de pretexto para contar histórias, mostrar excertos das óperas e revelar alguns dados que mesmo os especialistas na obra podem desconhecer.”

Eugénio Harrington Sena organizou há um ano, também na Culturgest, um primeiro ciclo de conferências sobre o autor de “Tristão e Isolda”. “O grande objetivo foi o de desmistificar a figura de Wagner. Claro que o seu lado antissemita existiu, mas é possível ir além disso, sem branquear os factos.”

Na próxima segunda-feira, 26, a conferência volta a ser sobre o feminino em Wagner. O tema no dia 20 será “Histórias de Admiração e Traição na Demanda da Música do Futuro”. Por fim, no dia 27, a conferência versará “Nietzsche e a Criação do Parsifal: Sexo, Regeneração e Espiritualidade”.

Bruno Horta