Mais de dois mil casamentos, quase mil relacionamentos e 114 namoros estavam ensombrados por situações de violência doméstica que levaram a denúncias na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), revelam os dados estatísticos de 2011 hoje divulgados.

Os casos de violência doméstica relatados à Associação de Apoio à Vitima continuam a aumentar e acontecem maioritariamente dentro de casa e entre pessoas com uma ligação amorosa. No ano passado, a associação recebeu mais de 15 mil denúncias de crimes tendo acabado por dar apoiou em quase sete mil casos: um em cada três crimes era perpetrado pelo cônjuge (35,9%) e em 13,9% dos casos o agressor era o “companheiro”.

Em 2.420 casamentos havia situações de violência doméstica que levaram a pedidos de ajuda à APAV. As relações com companheiros representaram 13,9% das situações registadas pela associação: em 2011 houve 935 relações entre companheiros cujas histórias chegaram à APAV por existirem episódios de violência.

De acordo com especialistas nesta área, muitas destas histórias começam na adolescência, nos primeiros relacionamentos de namoro. À APAV chegaram no ano passado 114 relatos de violência entre namorados.

Para tentar combater este fenómeno, a associação está a levar a cabo nas escolas ações de sensibilização nas aréas de violência no namoro e bullying: no ano passado, as equipas realizaram 421 ações que tiveram quase 20 mil participantes.

No entanto, são mais os casos que envolvem pessoas com relações já terminadas: no ano passado houve 482 denúncias de violência entre ex-companheiros, 410 histórias entre ex-conjuges e 166 entre ex-namorados. No total, estes casos representam 15,8% do total de situações.

A maioria das queixas que chegam à APAV ainda dizem respeito a situação que a associação denomina de violência no sentido estrito, ou seja, maus-tratos físicos e psíquicos, ameaças, coação, injúrias, difamação e crimes de natureza sexual.

A maioria das situações relatadas referia-se a maus-tratos físicos (4421 denúncias) ou psíquicos (5231 denúncias). A APAV recebeu ainda 2.403 casos de ameaças e coações e 786 histórias de injúrias e difamação.

As outras agressões, como violação de domicílio, devassa da vida privada, violência sexual, subtração de menores ou violação da obrigação de alimentos representam apenas uma pequena parcela das queixas: apenas 2.595 das quase 16 mil denúncias. Neste grupo das agressões em “sentido lato” registaram-se 707 casos de violação de domicílio e 544 denuncias de violação de correspondência.

Tal como tem sido registado desde que existem dados estatísticos, o agressor continua a ser do sexo masculino e maioritariamente com idades compreendidas entre os 35 e os 40 anos.

Dos 18 mil crimes registados no ano passado pela APAV, mais de 15 mil estavam associados com casos de violência doméstica.

Em 2011, a APAV apoiou mais de oito mil vítimas e deu apoio a 11.784 processos. No total, “cerca de 23 mil pessoas foram apoiadas” no ano passado pela associação. Os números apontam para um aumento em relação a 2010: os crimes aumentaram 8,8%, os processos de apoio cresceram 5,7% e as vitimas diretas dispararam, passando de 6.932 para 8.693.

1 de março de 2012

@Lusa