As relações abertas tornaram-se um conceito muito comum desde a década de 70, principalmente no início de um relacionamento para perspetivar como é que este “evolui” ou em momentos de aperto em que tudo está a ser posto em causa, sendo então vistas como uma tábua de salvação.

Dan Savage, colunista norte-americano e perito em relações, defende a teoria de que “os homens não foram feitos para ser monógamos”, logo a melhor forma de estar num relacionamento é um acordo aberto entre o casal em que a traição seja permitida, caso contrário “a relação será uma hipocrisia, pois ninguém consegue manter-se fiel uma vida inteira”.

Daniel e Marisa têm uma relação aberta há três anos depois de terem experimentado uma relação dita ‘normal’: “No início estranhei e não aceitei, mas depois resolvi experimentar. Cada um de nós diverete-se com outros parceiros, mas nunca se envolve ao ponto de ter outro relaconamento. Ou seja, regra geral somos os dois. Mas quando saimos juntos podemos até envolver-nos com outras pessoas, desde que sejamos honestos um com o outro”,

A troca de parceiros é uma das permissas das ditas relações abertas. O swing tornou-se moda e permite a traição desde que ambos sejam infiéis na mesma hora, no mesmo local, com parceiros preestabelecidos e às claras um do outro. Esta autorização de “pular a cerca” é bem vista por Daniel que, desde essa altura, tem sentido mais prazer com a sua parceira: “Gosto da Marisa e é com ela que quero estar, dividar casa, partilhar momentos, jantar fora….mas um ano de vida em comum e chegou para ver que não fui feito para viver enclausurado. Fizemos um teste de swing e resultou na perfeição. Tem resultado, até ver…”

Mas nem todos pensam assim. O sociólogo Zygmunt Bauman refere, por exemplo, que há dois valores indispensáveis para uma vida feliz: segurança e liberdade. O dilema é como conclliar ambos, na medida em que quando nos sentimos seguros, a nossa liberdade fica comprometida. Por outro lado, a liberdade plena causa insegurança. Sofia, casada há sete anos, opina: “ Relações abertas nem pensar. Sou ciumenta e nem me imaginaria numa relação a ter sexo com outras pessoas e a voltar para casa normalíssima. Acredito no amor, no casamento, na fidelidade e essas escapadelas seriam um risco. Como é que sei que num desses momentos, o Luís não ficaria interessado noutra pessoa?”.

O risco existe, de facto. Trata-se de um jogo que requer muita maturidade emocional e um autocontrole grande a nível de emoções. Tudo pode acontecer a qualquer momento e se para uns casais esse risco funciona como estimulante da relação, para outros é o fim da mesma. Para a psicoterapeuta Jacqueline Meireles, “a ideia é que essas relações extras oxigenem o namoro”, desvalorizando o valor da fidelidade em prol do da felicidade. Ana contesta: “Não podem ser compatíveis? Ser fiel e ser feliz… precisamos sempre de estar a experimentar novos prazeres sexuais com outras pessoas? Porque não o fazemos dentro de casa?“.

Seja por receio ou por insegurança, a verdade é que, na maioria das vezes, as relações abertas ficam-se pela fantasia e a monogamia ainda prevalece na nossa sociedade. Haja ou não amizades coloridas pelo meio…