Maria Pereira é a primeira cientista portuguesa a integrar a lista anual de inovadores com menos de 35 anos da revista do Massachusetts Institute of Technology (MIT), graças ao seu trabalho no campo da biotecnologia e medicina. Larry Page e Sergey Brin, cofundadores da Google, a par de Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook, foram anteriormente distinguidos. O seu percurso na área de investigação contribuiu para a sua distinção. Biomaterial, biodegradável e biocompatível são expressões que integram o seu léxico.

«Enquanto aluna do doutoramento do MIT Portugal, contribuí para o desenvolvimento de um novo adesivo que funciona como uma cola e que permite reparar mais facilmente defeitos cardiovasculares que afetam seis bebés em cada mil nascimentos. Esperamos que este adesivo, formado por um novo biomaterial (material usado em dispositivos médicos que pode contactar com o corpo), simplifique consideravelmente o processo de reparação e reduza a necessidade de uma intervenção cirúrgica invasiva nos primeiros tempos de vida», revela a premiada.

As vantagens da descoberta de Maria Pereira

«Atualmente, os métodos utilizados para reparar defeitos cardíacos consistem no uso de suturas, através de procedimentos invasivos, ou de dispositivos metálicos que podem danificar o tecido cardíaco. O adesivo que desenvolvemos é biodegradável (permanece temporariamente no organismo, uma vez que é degradado), biocompatível (não tóxico para o organismo) e elástico», explica a investigadora.

«Irá simplificar consideravelmente a cirurgia, melhorar os seus resultados e diminuir a invasão cirúrgica. Outra característica importante é que as propriedades de adesão são ativadas por um estímulo externo e, portanto, o cirurgião tem total controlo sobre a aplicação do material», acrescenta ainda a especialista.

Projetos de futuro

O futuro, para Maria Pereira, acontece já hoje. «Estamos [em meados de 2014] a trabalhar no processo de fabrico para conseguirmos produzir a uma escala industrial. Iremos, depois, completar o trabalho, até agora feito em animais, com novos estudos, para demonstrar a segurança e eficácia. Esperamos ter aprovação para uso no mercado europeu em dois a três anos», desabafa a investigadora.

Texto: Catarina Caldeira Baguinho