De acordo com o segundo relatório anual global da consultora, 'When Women Thrive' (Quando as Mulheres Prosperam, em português), a igualdade de género "tarda em acontecer devido à forma como o talento feminino é gerido".

"Prevê-se que em dez anos, a manterem-se as políticas atuais a nível de recrutamento, promoção e retenção de mulheres, apenas a América Latina atinja a paridade no que se refere à representação de mulheres em todos os níveis técnicos e superiores", diz a consultora.

Segundo a Mercer, as mulheres continuam a estar sub-representadas em termos de força de trabalho em todos os níveis de carreira, sendo que apenas entre 60% a 70% da população feminina em idade ativa está a trabalhar, contra mais de 80% nos homens.

Por outro lado, a representação das mulheres dentro das empresas diminui à medida que o nível de carreira aumenta e se elas ocupam 33% dos cargos de gestão, essa percentagem cai para 26% entre os gestores seniores e para 20% entre os gestores executivos.

Ao nível da Europa, o estudo da consultora aponta que as mulheres ocupam 21% dos cargos executivos de topo, média que em Portugal e em Espanha aumenta ligeiramente para os 24%, "cerca de 4% mais que a média global".

"Não obstante as mulheres terem atualmente 1,5 vezes mais possibilidade de serem contratadas para funções executivas do que os homens, as mulheres estão também a abandonar as funções de topo nas organizações a uma velocidade 1,3 vezes superior à dos homens, pondo em causa os benefícios que se poderia alcançar ao ter mais mulheres a serem promovidas para lugares de topo", refere a consultora.

Olhando para os rankings regionais, a Mercer prevê que entre 2015 e 2025 haja um aumento na representação feminina na força de trabalho de 36% para 49% na América Latina; de 35% para 40% na Austrália e Nova Zelândia; de 39% para 40% nos Estados Unidos e Canadá; e de 25% para 28% na Ásia.

Já a Europa irá manter-se "estagnada" nos 37%, sendo que Portugal e Espanha vão estar alinhados com esta tendência, prevendo-se um ligeiro crescimento, de 44% para 45%.

Já no que diz respeito às mulheres em cargos executivos, e admitindo que se mantêm as taxas de recrutamento, promoção e retenção de mulheres, a consultora tem a expectativa que a percentagem aumente de 20% para 37% a nível global.

No que diz respeito à equidade salarial, a Mercer salienta que Estados Unidos e Canadá lideram, com 40% das organizações a oferecerem salários semelhantes a homens e mulheres.

A consultora defende ainda que os executivos de topo se envolvam ativamente na promoção da paridade salarial e no desenvolvimento do talento feminino dentro das empresas.

O estudo da Mercer foi feito tendo por base as respostas a inquéritos de 583 organizações espalhadas por 42 países, responsáveis pelo emprego de 3,1 milhões de pessoas, incluindo 1,3 milhões de mulheres.