Em contexto de crise e no mercado de trabalho, as mulheres estão em situação mais fragilizada, eis uma das conclusões do debate sobre “As profissões não têm Sexo”, iniciativa da UMAR, União de Mulheres Alternativa e Resposta, e da CITE, Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego.

Sandra Ribeiro, da CITE, evidenciou que, “apesar de existir uma mudança social, as mulheres no mercado de trabalho, em contexto de crise, encontram-se ainda mais ameaçadas, o que origina retrocessos”.

Indicadores tais como taxas de atividade, emprego, desemprego, níveis de remuneração e ganhos, participação nos processos de decisão, tipo de contrato, entre outros, continuam a evidenciar fortes desequilíbrios e discriminações múltiplas que se vêm acentuando com a atual crise económica e financeira.

Por outro lado, o valor que se atribui ao trabalho realizado por mulheres e por homens continua a não ser igual. Segundo a UMAR, “a maior percentagem de licenciadas não impede que as mulheres continuem a ocupar no mercado de trabalho profissões tradicionalmente ditas femininas, de mais baixa qualificação e mal remuneradas, com maior precariedade e possibilidade de desemprego e se mantenham sub-representadas na esfera pública”.

Continuam a existir setores muito feminizados como a saúde, a ação social, a educação, o alojamento, as limpezas, a restauração, o têxtil e o vestuário, e outros em que a participação das mulheres é muito reduzida, como o da construção civil, o das forças armadas, das pescas, estiva e técnicos de gás.

No debate, Sara Falcão Casaca (ISEG) salientou precisamente “a carga simbólica das profissões tipificadas como masculinas e femininas e as hierarquias que dão valores diferentes, em função das representações sociais, às atividades ditas femininas e masculinas”. Lídia Fernandes, da UMAR, acrescentou que “embora na esfera pública desempenhem funções ditas masculinas, na esfera privada persistem os estereótipos de género, pois as mulheres maioritariamente continuam a desempenhar as tarefas domésticas e do cuidar”.

A segregação horizontal e vertical no mercado de trabalho continua a existir em Portugal e ainda há um longo percurso até as discriminações de género terminarem, conclui a UMAR no pós evento.

16 de julho de 2012