Uma jogadora de futebol calça as chuteiras, veste o equipamento, torna-se numa atleta, mas é uma mulher como todas as outras. Quem o diz é Mónica Jorge, a primeira mulher a assumir um cargo de direção na Federação Portuguesa de Futebol.

“A jogadora, assim que calça umas chuteiras e o seu equipamento, fica uma desportista, mas fora dali é uma mulher como todas as outras. Não pode deixar de ser feminina, de ser aquilo que é”, disse Mónica Jorge, em entrevista à agência Lusa, a propósito do Dia Internacional da Mulher que hoje se comemora.

A antiga selecionadora de futebol feminino revelou que a imagem tem vindo a melhorar nos últimos anos, afirmando que os pais “já não têm receio de que a sua filha possa jogar futebol e perca um bocadinho o seu ar feminino”.

Mónica Jorge diz que as próprias jogadoras “não têm vergonha de ser femininas e de jogar”, deixando para trás a fase em que as referências eram os futebolistas masculinos.

"“A jogadora, assim que calça umas chuteiras e o seu equipamento, fica uma desportista, mas fora dali é uma mulher como todas as outras""

Mónica Jorge

No início de 2012, Mónica Jorge tornou-se a primeira mulher a assumir um cargo na direção da FPF, sendo responsável pelo futebol feminino, função que ocupa “com grande orgulho”, numa modalidade que assume ter vindo a evoluir nos últimos cinco anos.

“Para o futebol feminino em geral tem um significado importante. Fui a antiga selecionadora nacional e sei as dificuldades que temos, e o que é preciso para que o futebol feminino possa evoluir. Estou muito dentro do processo, pode ser mais fácil defender a causa em si”, sublinhou a responsável.

Depois de ter iniciado o percurso como treinadora adjunta da seleção feminina de futebol em 2000, Mónica Jorge passou a técnica principal em 2007, ficando aos comandos da equipa até 2012, altura em que assumiu as novas funções que espera estar a desempenhar respondendo às expetativas e confiança daqueles que nela apostaram.

Mónica Jorge considera que cada vez há mais pessoas que sabem o que é o futebol feminino, que há seleções femininas e campeonatos da Europa, e para isso também tem contribuído todo o trabalho desenvolvido em prol da modalidade, como a recém-criada seleção feminina de sub-16.

A dirigente lembra que no futebol feminino “não pode haver discriminação, nem para um lado, nem para o outro. A mulher tem de ter orgulho no que é, naquilo que mostra, não tem de ter vergonha de ter qualidade e talento e ao mesmo tempo ser bonita”.

A antiga selecionadora confessa que o dia da mulher é “muito especial” para si, e aproveita a ocasião para sugerir a todos que assistam ao próximo jogo da seleção feminina de futebol na Algarve Cup, frente à Hungria.

“É um dia para nós. Um dia em que podemos dizer e fazer o que nos vem à cabeça. Posso sugerir que assistam ao jogo da seleção nacional e também que se dediquem ao desporto, já que ajuda tanto a nível mental, como emocional no crescimento de uma criança. Acima de tudo, sejam aquilo que mais gostam de ser”, apelou.