Se há pessoas que vivem com os pés bem assentes na terra, outras existem que parecem deslizar pelos dias completamente no ar. Dá ideia que os primeiros são mais pesados e puxados pelo Planeta, enquanto os outros, os aéreos, são demasiado leves e perfeitamente passíveis de ser sugados, a qualquer momento, para a estratosfera.

Ora tal observação factual faz-me concluir que a força da gravidade atua de diferente forma para estas duas espécies de gente, o que significa que afinal há leis da física que não se aplicam ao ser humano...(ironia, ok?).

O que nos puxa para a terra é a realidade e o que nos puxa para o ar é o sonho. E é o balanço constante deste precário equilíbrio que desperta em nós o Divino. É no momento em que começamos a conseguir conciliar a realidade com o sonho que nos tornamos Deuses. É na capacidade de viver na terra e no ar; no mundano e no divino, que o nosso Deus interior se revela.

O mundano é a posse. O divino é a entrega. Esta tarde, com este camaleão bébé na minha mão, estive no exato lugar em que a terra e o céu se tocam. Venceu a entrega, sem cedências à posse. Mas foi na vivência da escolha que me senti divina.

 

  
Ana Amorim Dias