No ano de 2000, Margarida Santos, uma portuguesa a viver na Holanda, viajou para Espanha para se submeter a uma cirurgia estética, mas o destino pregou-lhe uma partida.

Passados todos estes anos, ainda não esconde a raiva e a impotência que sente ao contar a sua experiência.

«Fui a Madrid para realizar uma cirurgia de redução de mamas e o cirurgião deixou-me sem peito. Queria ficar com um peito bonito e ele deixou-me com cicatrizes até à parte superior do mesmo. Foi um trabalho descuidado», critica. «Nota-se onde entrou a agulha e por onde saiu. Estive oito horas na sala de operações e o cirurgião só marcou a zona a operar quando eu já estava a dormir. Tive sorte do anestesista ser bom porque, caso contrário, não sei o que poderia ter acontecido», lamenta ainda.

Quando saiu da sala de operações e viu os resultados, queria morrer, mas o seu carácter forte incentivou-a a denunciar o cirurgião. «A primeira impressão que tive ao ver-me foi que as feridas pareciam o resultado de uma autópsia e não de uma cirurgia estética. Não sou pessoa de exteriorizar muito os meus sentimentos mas, cada vez que me via ao espelho, sentia-me muito mal e deprimida», recorda.

«Felizmente, tenho uma maneira de ser muito positiva e consigo sempre tirar o lado bom das coisas. Creio que isso foi que me deu forças para não me deixar vencer e recorrer aos tribunais. Perdi o primeiro julgamento mas recorri da sentença e ganhei. O cirurgião que me operou teve de me pagar 89.000 euros», revela.

Depois, decidiu voltar a passar por uma sala de operações para corrigir as sequelas da primeira intervenção. Uma amiga recomendou-lhe um especialista e, desta vez, a escolha foi a mais correcta. Depois de três operações muito complexas, o cirurgião reparou o peito de Margarida.

«A relação com ele foi muito boa logo à partida. Evidentemente que o resultado final não é o mesmo do que se tivesse sido realizado pela primeira vez, mas julgo que fez um grande trabalho, a avaliar pelo peito que tinha e pelo que tenho agora. Além de ser um cirurgião muito atencioso, trabalha muito bem», afiança.

Depois da experiência traumática que sofreu, Margarida culpa-se por não ter sido mais consciente na hora de eleger um cirurgião. Por isso, aconselha as pessoas que se queiram submeter a uma cirurgia estética a «informarem-se muito bem acerca das mãos em que se vão colocar. Peçam ao cirurgião exemplos fotográficos de trabalhos seus. Sejam muito observadores e confiem no vosso instinto».

«É recomendável ir a dois ou três cirurgiões antes de optarem por um», recomenda. Também incentiva aquelas pessoas que estão a sofrer sequelas de uma má intervenção a denunciarem o seu caso.

«Há que recorrer aos tribunais e lutar até ao fim. Sei que é muito difícil porque uma pessoa realiza uma cirurgia que custa muito dinheiro e pode não ter recursos suficientes para contratar bons advogados. No entanto, não se pode ficar calado e nada fazer», sublinha.

Texto: Cláudia Pinto