Já não é só em áreas como a moda, a beleza, a decoração ou o fitness que se ditam tendências.

No início de cada ano, há cada vez mais chefs, especialistas e bloggers a vaticinar os ingredientes e as confeções que vão estar em voga nos meses seguintes.

2013 não é exceção e a lista para este ano é longa.

Os vegetais, a fruta e a comida saudável ocupam lugares de honra dos prenúncios das publicações especializadas, rivalizando com especialidades de paladares exóticos, com molhos sublimes e com ingredientes, texturas, preparados e sabores surpreendentes. Mas também existem (novos) comportamentos que revelam preocupações gastronómicas, ecológicas e ambientais até agora descuradas.

De acordo com Bret Thorn, jornalista do Nation's Restaurant News, 2013 será o ano do peito de frango, muito por culpa da crise e da austeridade. «As outras carnes são mais caras», justifica o especialista, que assegura mesmo que muitos restaurantes já começaram a reforçar as suas ementas com pratos com peito de frango no último semestre de 2012. Além desta carne, Bret Thorn refere ainda o abacate, a cerveja de fabrico caseiro, a carne de gamo, a batata, os frutos tropicais e a gastronomia australiana como incontornáveis nos próximos meses.

Para os especialistas do Sterling-Rice Group, mais do que as especialidades confecionadas ou os ingredientes individualizados, o destaque vai para a inovação e para a criatividade na cozinha, juntamente com o aumento das preocupações de saúde que, na opinião da maioria deles, muitos cidadãos vão passar a ter. «Os próprios chefs já estão a mudar de hábitos e a trocar ingredientes como a manteiga e o bacon por caldos de legumes e beterraba», sublinham. Ainda assim, não deixam de apontar tendências concretas.

O amargo vai ser rei, asseguram. As natas ácidas, o sumo de cereja fermentado e a cerveja amarga figuram entre os ingredientes mais usados. Os sabores das especiarias tradicionais do Vietname, da Tailândia e da Coreia também vão estar em alta. Em sintonia, Bret Thorn também aponta o sriracha, um molho picante tailandês. Os especialistas do Sterling-Rice Group preveem ainda que os legumes passem a ocupar cada vez mais o lugar de ingrediente principal nas refeições e elegem as pipocas como o snack de 2013.

«As pipocas vão estar para os gelados como os croutons de pão para as saladas. Vão estar em todo o lado», garantem. Kay Logdon, editor-chefe do site Foodchannel.com, aponta outras tendências, como a carne e o peixe fumado, mas não só. «Vamos passar a ter cocktails fumados e até água fumada, para aproveitar o fumo dos grelhadores», afiança mesmo. Um aumento do número de produtos confecionados em casa, como o pão, bolos, iogurtes e até a cerveja, é outra das suas previsões, tal como o uso de chá na comida aquando da cozedura para aromatizar

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Mas nem só de novas mudanças e ingredientes vive a lista de Kay Logdon.

«O brunch torna-se na quarto refeição principal do dia», assegura a especialista, que acrescenta ainda as massas ramen japonesas, a sopa de massa e carne vietnamita pho e os bolos sun cake chineses, a cidra, o café de pêssego, o poutine, as panquecas com corante red velvet e a couve-flor às suas escolhas para 2013.

«Muitos chefs já estão a usar este vegetal como substituto da carne», justifica o especialista.

Os editores do site Restaurant Hospitality, por seu lado, apontam o café, a conservação em calda, o vinho embalado em caixa, as barras de proteínas, a água de coco e os aromas amargos como ingredientes de topo. Novos (e mais saudáveis) substitutos do sal e do açúcar terão também tendência a ganhar importância nos próximos meses. A partilha de imagens de pratos confecionados nas redes sociais é outro comportamento que acreditam que se irá multiplicar ao longo de 2013, sobretudo no Instagram, no Facebook, no Pinterest, no Taste Spotting e no Food Gawker.

De acordo com a Forbes, que está particularmente atenta às previsões de Phil Lempert, administrador de The Lempert Report e de SupermarketGuru.com, a alimentação mundial vai tender a ser mais técnica, sustentável e saudável em 2013. Este especialista acredita que, como consequência da crise económica internacional, as pessoas vão desperdiçar menos comida e deixar menos restos no prato. Em função da austeridade, os cidadãos vão também passar a ingerir mais vegetais na sua alimentação e reduzir o consumo de carne.

Paradoxalmente, a utilização de tecnologia e de novas aplicações móveis, como as que já permitem fazer testes a alimentos alergénicos e/ou obter informações sobre a componente orgânica dos alimentos e/ou ainda aceder a receitas saudáveis, também tende a tornar a alimentação mais equilibrada. Algumas até já permitem avaliar se os alimentos congelados foram conservados a uma temperatura correta. «As tecnologias móveis e a utilização de sensores alterará o modo como os consumidores interagem com a comida e até como a compram», defende o especialista.