Jaqueline Silva, 30
anos, estava efetiva e
ocupava um cargo de
responsabilidade quando
lhe comunicaram o
despedimento.

«Era gestora
de produto numa empresa
multinacional e para uma
pessoa como eu, muito
orientada para a carreira,
foi difícil aceitar», desabafa agora.

«Sentia que
tinha falhado enquanto
profissional e cheguei a
sentir vergonha por estar
desempregada», revela.

O embate com a nova e dura realidade que tinha pela frente não foi fácil. Antes pelo contrário! Obrigou-a a sair da zona de conforto em que se encontrava e a repensar toda a sua própria situação. «Tinha um
plano de vida traçado e
perdi um pouco o rumo»,
conta ainda.

«O desemprego permitiu-me realizar um sonho»

O regresso à normalidade laboral não foi fácil. «Comecei a enviar currículos, ao mesmo
tempo que prossegui com o meu mestrado
em Gestão e entrei para o programa
Dona Empresa da Associação Portuguesa de Mulheres Empresárias (APME), no qual adquiri
competências para criar o meu próprio
negócio», revela.

«Oito meses depois estava a dar
aulas de Gestão numa universidade
e a investir na criação de um espaço
alternativo de restauração, que deverá
abrir durante este mês. Sempre quis
criar o meu próprio negócio,
mas nunca
tive coragem para abandonar
o meu
trabalho e o ordenado fixo. Hoje
consigo ver que o desemprego
foi uma
grande oportunidade», conta.

O que diz o especialista

Para Oliver Röhrich, formador e coach nas
áreas da liderança e mudança organizacional,
vendas e business development, «Jaqueline
é um excelente exemplo de como se pode dar
a volta. Nunca deixou de acreditar em si própria.
Claro que houve momentos de reflexão,
necessários para entender o que realmente
queria na vida, mas fez algo que aconselho
a todos que enfrentam o desemprego».

O seu comportamento é amplamente elogiado. «Manteve-se ativa. Organizou-se. Pediu ajuda.
O que é importante tanto perante possíveis
empregadores como para si própria, uma vez que cria mais
contactos e, sobretudo, dá-lhe autoconfiança», ressalva.

Torne-se ativa

Estar desempregada pode parecer que a coloca em desvantagem perante
outros candidatos a um determinado emprego. Oliver Rörich aconselha a
«Demonstar atividade. Faça trabalhos de voluntariado. Crie os seus
próprios projetos e não terá de ser necessariamente uma empresa. Pode
criar um blogue ou fazer um estudo sobre um tema relacionado com o
trabalho que gostava de fazer no futuro. O importante é que o recrutador
entenda que você não está paralisada no desemprego».

Estratégias para procurar emprego

Procurar trabalho exige organização.
Siga os passos sugeridos pelo coach.
«Defina o que quer, respondendo
a questões como o que quer estar
a fazer quando tiver 40/50/60 anos? e/ou
o que faria se não tivesse estudado
o que estudou?», recomenda.

De seguida, defina
claramente o seu objetivo, nomeadamente o cargo,
o tipo de empresa, o salário... Crie
uma lista de empresas para as quais
gostaria de trabalhar e envie cinco
currículos por semana, adaptando-os
a cada empresa ou candidatura», aconselha ainda.

Contactos úteis

Existem várias organizações
que podem ajudá-la a
criar o seu próprio negócio:

Associação Nacional de Direito ao Crédito
Telefone: 808 202 922
Internet: www.microcredito.com.pt

Associação Portuguesa de Mulheres Empresárias
Telefone: 213 150 323
Internet: www.apme.pt

Ajudax - Empreendedorismo e empresas familiares
Telefone: 217 903 276
Internet: http://audax.iscte.pt

Texto: Vanda Oliveira com Oliver Röhrich (formador e coach nas áreas de liderança e mudança organizacional, vendas, business development)