Tem 31 anos, é veterinária por paixão, um sonho que alimenta desde os 12 anos, e atualmente colabora com um serviço de apoio domiciliário para tratar dos animais de estimação em casa, que se chama Prime Pet. Para além da veterinária, Joana Rodrigues da Silva, também se apaixonou pela homeopatia que aplica aos humanos e aos animais. Como hobby tem a fotografia e a escrita.

Que serviço é este de apoio domiciliário para animais?

É um serviço inovador e pioneiro, pensado e posto em prática por uma grande amiga minha e para o qual fui convidada a participar. Este serviço propõe-se a facilitar a vida aos donos, para que estes poupem tempo, e, aos animais, para que não passem pelo tempo de espera e stresse associados às deslocações até à clínica ou hospital. Embora nem todos os serviços possam ser realizados no domicílio, a maioria dos atos médicos que acontecem nas clínicas, nós também realizamos e com custos normalmente inferiores, principalmente se tivermos em conta a poupança na deslocação. Temos como áreas de atuação Cascais, Sintra e Lisboa.

Só trata os animais em casa?

Também faço noites num hospital veterinário, que é um dos nossos parceiros em Lisboa e que se encontra aberto 24 horas por dia.

Para além do seu trabalho com os animais faz muitas outras coisas...

É verdade. No segundo ano do curso, ao ver-me um bocadinho desorientada, a minha mãe fez-me a proposta de começar um curso de medicina tradicional, onde descobri a homeopatia, uma nova paixão.

Estes são tratamentos para as pessoas.

Sim, mas, mais tarde, comecei a aplicá-los na veterinária. Aliás, no primeiro ano do curso tive a sorte de ter uma disciplina de massagem, para além de ter aprendido as bases da naturopatia, dietoterapia e fitoterapia, o que me deu uma noção mais ampla das várias terapias complementares. Nessa altura comecei a dar massagens para ganhar algum dinheiro e acabei por fazer uma carteira interessante de clientes ao longo dos anos.

E quando acabou o curso de veterinária começou logo a trabalhar com animais?

Quando terminei o curso, sim, mas enquanto estava a escrever a tese, decidi ir para Inglaterra fazer o curso de Homeopatia, onde acabei por tirar o diploma e, nos últimos dois anos, aplico os meus conhecimentos tanto em animais como em pessoas.

Gosta dessa diversidade?

Como a minha cabeça nunca está parada, não gosto, nem consigo estar focada num único interesse. Gosto de fazer várias coisas ao mesmo tempo e juntá-las aos meus hobbies, fotografia e escrita.

A fotografia é então um hobby?
É um hobby do qual tiro partido e que disponibilizo para ajudar a minha mãe que é enfermeira no Centro de Saúde de Alcabideche, mas que, para além disso, também faz preparação para o parto e acompanhamento pós parto em horário pós-laboral. Fotografo os workshops e as aulas, e, a partir daí, fazemos os flyers, ajudo-a com a atualização do Facebook, e acabo de fazer-lhe um sítio na Internet.

A sua vocação é a saúde e o bem estar. Acha que a sua mãe a influenciou?

Acho que sim. Ouço falar de saúde em casa desde sempre.

Tem irmãos?

Só irmãos do coração, filhos do meu padrasto e da minha madrasta.

Já vive sozinha?

Ainda não, continuo a morar em casa dos meus pais, mas tenho namorado há três anos. Ele é designer e como trabalha como free lance ainda não estamos organizados para tal.

É veterinária e também trata pessoas. Prefere alguma?

Aprecio igualmente as duas atividades e gosto muito de aplicar a medicina alternativa aos animais, embora seja mais fácil medicar as pessoas. O mais gratificante é ver quando o tratamento convencional falha ou não evolui mais e podemos experimentar a homeopatia, que, na maior parte dos casos, resulta.

Quando as pessoas a procuram já estão no fim da linha?

Muitas já experimentaram tudo e precisam de ajuda. Quando chegam a mim, vão à procura de uma alternativa.

Também faz massagens aos animais?

Não profissionalmente, mas faço aos meus e aos animais dos meus amigos.

Tem animais?

Agora só tenho quatro gatas e um piriquito mas já tive um cão também. Felizmente tenho condições para isso porque tenho uma zona de acesso à rua e espaço amplo. Posso considerá-las muito felizes porque entram e saem de casa sempre que lhes apetece e até têm amigos gatos na rua, que acabam por ser uma família felina alargada lá de casa.

Se pudesse, tinha mais animais em casa?

Gostava de ter um cão, mas sei que implica uma disponibilidade muito grande. O meu cão ia connosco para todo o lado, e sempre que os meus pais iam de férias para fora do país, era eu que ficava com ele. Para mim, ter um cão noutras condições, é muito complicado.

Continua a estudar?

Estou a terminar o curso de reflexologia (massagens nos pés para pessoas).

Conseguir gerir estas várias profissões. Até agora tenho conseguido com um pouco de sono a menos. No último ano, como a minha amiga teve um bebé, sou eu que estou à frente da Prime Pet e espero que assim continue.

Para além do serviço da Prime Pet, que outro tipo de apoio prestam aos donos dos animais?

Fazemos treino canino, temos parceiros para isso, transportamos os animais e cuidamos da viagem ao estrangeiro, desde o passaporte, à reserva dos voos quando os donos vão viajar. No fundo, funcionamos como o médico de família do animal e uma espécie de loja do cidadão.

Um veterinário tem de gostar de animais?

Sem dúvida. E eu gosto especialmente de rafeiros, acho-lhes piada, e gosto de observar as características de cada um, assim como também acho muito interessante observar a relação dos donos com os animais, sejam eles gatos, cães de raça ou rafeiros.

Cada vez há mais animais abandonados. Quais são as alternativas?

É muito complicado. Muitas pessoas vêm ter connosco e dizem que não têm dinheiro para pagar as consultas, e este problema reflete-se na realidade da Veterinária, há clínicas veterinárias a fechar todos os dias, e um grande aumento do abandono. O ideal seria criar um sistema de saúde para os animais.

Veem-se diariamente no Facebook apelos para adotar animais abandonados...

A generosidade das pessoas é infinita. Muitas pessoas depositam dinheiro nas contas das associações para salvar animais que foram atropelados e precisam de tratamento. Mas não é suficiente. As associações estão a rebentar pelas costuras...

Acha que as pessoas estão mais educadas para os direitos dos animais?

Um pouco mas não tanto como poderão vir a estar. Aqui entra a importância da informação dada pelos veterinários, especialmente sobre a esterilização. Se conseguirmos diminuir o número de animais errantes através da esterilização destes, diminuímos o sofrimento dos animais, no sentido em que haverão menos animais a passar fome na rua e a serem atropelados.

Tem mais algum hobby?

A fotografia é o meu principal hobby mas também gosto muito de viajar, de praia e adoro música, não perco um bom concerto. Os meus amigos são pessoas ligadas à música e à área criativa que me acompanham nestes gostos.

Está a adorar o que está a fazer?

Estou. Sinto-me completamente realizada com o meu trabalho.