A maior parte do nosso dia é passado no trabalho, estabelecendo relações com pessoas que não escolhemos e com as quais nem sempre nos conseguimos entender.
Mas não as podemos mudar. Podemos, sim, aprender a lidar com elas, para que os nossos dias se tornem mais agradáveis.

Por vezes, isso não é fácil. Por vezes, o nosso esforço não chega. Isto acontece particularmente com uma figura com quem todos somos forçados a lidar: o chefe. Mas, como conhecer o perfil daqueles que trabalham connosco é o primeiro passo para melhorar as relações no local de trabalho, venha descobrir que tipo de chefe é o seu.

E, mais importante que isso, aprenda com os conselhos de Yves Turquin, especialista em recursos humanos e gestão de carreiras, as melhores estratégias para lidar com ele.

O BONZINHO

Há quem tenha a sorte de lidar com um chefe assim, mas também nem tudo é um mar de rosas. Isto porque é uma pessoa geralmente compreensiva, que dificilmente nos diz que não, mas que também nunca chega a dizer sim. Para não nos magoar, prefere não dizer nada, o que acaba por ser prejudicial, porque quem trabalha com ele nunca chega a ter um feedback real do seu desempenho.

É uma pessoa acessível e com quem todos se dão bem, mas para manter essa boa relação pessoal é muitas vezes a relação prof issional que é sacrificada. O melhor é manter demarcada a fronteira entre as duas e não deixar que uma influencie a outra: «trabalho é trabalho, conhaque é conhaque!»

Conselho: «Centre-o no que é importante para si e para o seu desenvolvimento, assim como no que é útil para a organização, desviando-o do acessório. Aceite perder algum tempo num relacionamento aparentemente inútil mas que vai permitir conquistá-lo.»

O INDECISO

É um chefe que precisa de saber todas as informações, bem detalhadas, antes de tomar qualquer decisão. Normalmente a sua opinião varia consoante os dias, o que faz com que as outras pessoas nunca saibam o que esperar dele ou como agradá-lo.

Para além disso, é daqueles que, não só mostra claramente as suas preferências, como também não tem qualquer problema em usar critérios diferentes para com os seus subordinados. Devido à sua inconstância, muda de ideias frequentemente, faz alterações de última hora e toma decisões repentinas que podem comprometer todo o trabalho de uma pessoa.

Conselho: «Respire fundo quando ele muda de ideias repentinamente. Continue a tomar sempre a iniciativa, mesmo sabendo que algumas irão ficar na gaveta ad eternum. Dê-lhe as soluções dos problemas através de sugestões. E tenha muita paciência!»

Veja na página seguinte: Como lidar com chefes autoritários e/ou preguiçosos

O AUTORITÁRIO

É o tipo de chefe que tem dificuldade em pedir algo: ele simplesmente manda. Rigoroso e severo, não gosta de ser confrontado e, quando algum subordinado ousa contradizê-lo, tende a ser desagradável nas palavras.

Apesar de, com ele, as coisas geralmente funcionarem, cria um mau ambiente no trabalho, não deixa as pessoas à vontade e a sua atitude acaba por ser um obstáculo à mudança e à evolução de quem trabalha com ele, bloqueando toda a iniciativa individual.

Tem dificuldade em delegar competências porque está convencido que ninguém é tão bom quanto ele. É daqueles que «nunca tem dúvidas e raramente se engana».

Conselho: «Evite abordá-lo frontalmente quando está a ter uma das suas crises de autoritarismo. Deve tentar torneá-lo e tentar dar-lhe a volta, aproveitando para fazer sugestões construtivas, pois isso poderá aumentar a consideração que ele tem por si.»

O PREGUIÇOSO

Por norma, chega atrasado, as suas horas de almoço parecem infindáveis e tem sempre uma qualquer reunião que o obriga a sair mais cedo. Mesmo quando está na empresa, nunca se sabe muito bem o que anda a fazer, embora pareça sempre que está muito ocupado.

Acaba por ser uma pessoa ausente, cujas tarefas estão delegadas a outras pessoas, que tomam as rédeas do seu trabalho. Tem dificuldade em cumprir
prazos e se as coisas aparecem feitas a tempo e horas é porque certamente tem uma boa equipa a trabalhar por ele.

No final, é ele que fica com os créditos quando tudo corre bem, mas nunca
é culpa dele se alguma coisa falhar.

Conselho: «Aceite ser o escravo na sombra da vedeta, pois assim, mais tarde ou mais cedo irá tornar-se indispensável para ele, resolvendo as suas tarefas. Desta forma consegue obter mais benefícios da relação.»

Veja na página seguinte: Os 7 erros e pecados a evitar com... qualquer chefe!

O WORKAHOLIC

É o tipo de pessoa que sacrificou a sua vida pessoal pelo emprego e que espera que você faça o mesmo. Não lhe passa sequer pela cabeça que as outras pessoas tenham vida própria ou se vejam, por vezes, obrigadas a resolver questões pessoais durante o horário de trabalho, portanto, não lhe facilita a vida quando isso acontece.

Também não aceita que o seu rendimento diminua só porque alguma coisa, que não tem nada a ver com o seu emprego, a preocupa. Está sempre a exigir mais e
mais dos seus subordinados, não se interessa pela sua vida e tem tendência para lhes pedir qualquer coisa ou para fazer reuniões de última hora mesmo quando está na sua hora de saída.

Conselho: «Pontos nos is logo no início: o chefe tem muito mais razões para ficar até tarde, porque as suas responsabilidades são maiores e podem exigir-lhe mais tempo. Tente convencê-lo a orientar os seus colaboradores para os resultados e não para passar a vida a controlar os timings para a execução.»

7 PECADOS E ERROS A EVITAR COM QUALQUER CHEFE

7 PECADOS E ERROS A EVITAR COM QUALQUER CHEFE

1. Observe que tipo de situações o irritam e evite-as.

2. Não seja emotiva, pense bem antes de tomar decisões.

3. Dê sempre o seu melhor, independentemente de ser reconhecida ou não.

4. Esforce-se por si e não pelo seu chefe.

5. Não critique os seus colegas à frente do chefe.

6. Se cometer um erro, reconheça, peça desculpa e tente não repeti-lo.

7. Tenha presente a hierarquia da sua empresa: nunca passe por cima da autoridade do seu superior directo.

Texto: Joana Marques com Yves Turquin (director geral da Transitar - Lee Hecht Harrison Global Partner)