Funcionária pública e voluntária na Associação Coração Amarelo, Rita Brás de Oliveira fez a entrevista para a Coração Amarelo em finais de 2011.

Depois de 15 anos a ocupar cargos de direção e, com o filho a fazer 30 anos, achou que era o momento de canalizar as energias para outros projetos e sentir-se útil. Não perdeu tempo e foi o que fez.

Visita, uma vez por semana, uma senhora de 89 anos, em Lisboa. A senhora tem família e as necessidades asseguradas mas, devido à falta de mobilidade, quase nunca sai de casa e passa muito tempo sozinha. Leva-lhe livros para ler e conversa muito com ela. Sobre as peripécias do cão, as angústias do dia a dia e sobre os mais variados assuntos. «As pessoas precisam de falar. Querem desabafar, ter quem as ouça», explica.

Como gere o tempo

Às quintas-feiras à tarde, Rita Brás de Oliveira sai do trabalho para fazer a sua visita. «Posso até ter de voltar mais tarde, se precisar, mas aquela hora é sagrada», afirma.

O que a faz continuar

Às vezes, interroga-se sobre o efeito daquelas visitas e conversas, em que ouve mais do que fala. A resposta surge-lhe na hora de vir embora, no momento que a senhora contraria a fraca mobilidade para uma última despedida à janela. «Aquele sorriso faz-me acreditar que vale a pena», confessa Rita Brás de Oliveira.