No campo financeiro, o ano de 2014 adivinha-se tão difícil como o de 2013. A proposta de Orçamento de Estado para este ano contém várias medidas que prometem penalizar ainda mais os orçamentos dos portugueses e, em particular, os orçamentos dos funcionários públicos e dos pensionistas. Saiba o que vai mudar e o que poderá fazer para compensar algumas das más notícias que aí vêm.

1. Funcionários públicos com corte nos ordenados:

À semelhança do que aconteceu no ano passado, também este ano todos os portugueses vão ver a sobretaxa de IRS, no valor de 3,5 por cento, recair sobre os seus salários. Mas os funcionários públicos têm uma notícia negativa adicional: quem trabalha para o Estado e ganha um salário superior a 675 euros irá sofrer um corte de vencimento. Esses cortes serão maiores para os salários de montantes mais elevados e poderão variar entre os 2,5 por cento e os 12 por cento. Além disso, o Governo anunciou esta semana que as contribuições para ADSE dos funcionários públicos (e dos pensionistas do Estado) vão também sofrer um agravamento.

O que fazer?

Planifique: A austeridade vai permanecer. Por isso mesmo é importante “jogar” pela antecipação e fazer uma planificação das suas despesas. Preveja os meses em que terá maiores despesas (como é o caso do mês do regresso às aulas dos seus filhos, o mês em que tem de pagar o IMI, ou ainda a altura do ano em que tem de pagar o seguro e a revisão do carro) e constitua uma poupança para fazer face a estas despesas extraordinárias. Para o ajudar nesta tarefa, aproveite os rendimentos adicionais que possam surgir (como é o caso do reembolso de IRS, o próximo subsídio de férias, ou as mais-valias obtidas com um investimento) e canalize-os para pagar estes encargos.

2. Alguns impostos vão aumentar:

Apesar dos escalões de IRS não sofrerem alterações face a 2013 há alguns impostos que vão aumentar. Por exemplo, quem tem um carro a gasóleo vai pagar mais pelo imposto único de circulação (IUC) este ano. Isto porque o Executivo incluiu no OE para 2014 uma taxa adicional para os veículos a gasóleo, que varia em função da idade e da cilindrada do automóvel. No limite esta taxa extra poderá atingir os 68,85 euros. Mas o IUC não é o único imposto a sofrer um agravamento. Também as taxas que recaem sobre as bebidas alcoólicas e sobre o tabaco vão aumentar, tornado mais caro o consumo destes bens.

O que fazer?

Mude de hábitos: Tendo em conta que fumar vai ficar ainda mais caro em 2014 este pode ser um bom incentivo para retomar hábitos de vida mais saudáveis. A sua saúde agradece e a sua carteira também. Basta fazer contas. Imagine que fuma um maço de tabaco por dia (a um custo médio de quatro euros cada maço), se deixar de fumar, ao final de um ano terá poupado cerca de 1.460 euros. Com este dinheiro poderá fazer uma viagem de lazer ou construir uma poupança para o futuro.

3. Reformados vão ver o seu nível de vida cair:

Quem está reformado ou se encontra à beira da reforma também não terá a vida facilitada. Em 2014, a idade da reforma irá aumentar para os 66 anos. Além disso, quem neste momento recebe uma pensão de velhice e outra pensão de sobrevivência (em que o montante total das duas pensões seja superior a 2.000 euros) irá sofrer um corte na pensão de sobrevivência. As más notícias não ficam por aqui. À semelhança do que aconteceu no ano passado, as reformas com um valor superior a 1.350 euros vão estar sujeitas ao pagamento da contribuição extraordinária de solidariedade (CES). Essa contribuição varia entre os 3,5 por cento e os 10 por cento. No entanto, para compensar o chumbo do Tribunal Constitucional ao diploma da convergência das pensões, o Executivo anunciou esta semana que vai alargar a aplicação da CES a mais pensionistas, baixando o patamar em que esta contribuição começa a ser aplicada.

O que fazer?

Refaça o seu orçamento: Identifique quais os gastos que poderá eliminar ou reduzir. No que diz respeito aos medicamentos, analise a possibilidade de optar por medicamentos genéricos e assim conseguir baixar a fatura com a sua saúde. E não se esqueça de aproveitar os descontos atribuídos nos transportes públicos, em museus e em vários serviços para quem tem mais de 65 anos.

4. Aumento de preços de bens e serviços:

Além das medidas de austeridade previstas no Orçamento do Estado, as consumidoras deverão ainda contar com os habituais agravamentos de preços de bens e serviços. Os preços dos passes e bilhetes de transportes públicos, das telecomunicações, do gás e eletricidade deverão sofrer uma atualização. Por isso, vá preparando o seu orçamento para acomodar estas subidas.

O que fazer?

Rentabilize as suas poupanças: Se os preços de bens e serviços aumentam mas o seu salário permanece igual, então significa que está a perder poder de compra. Para compensar esta perda de rendimentos reais, deverá rentabilizar ao máximo as poupanças. Isto significa, por exemplo, que escolha uma aplicação financeira para investir as suas poupanças que lhe ofereça uma taxa de juros anual líquida acima da inflação. As previsões económicas do Executivo para 2014 apontam para uma inflação de 1 por cento. Por isso certifique-se que coloca o seu dinheiro num depósito, PPR, fundo de investimento, ou outros produtos de investimento que lhe proporcionem juros líquidos acima deste valor.

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