É relações públicas das duas mais badaladas discotecas do Estoril, Tamariz e Jezebel, fotógrafa por paixão, e mãe dedicada do Sebastião e do Salvador, de 11 e 17 anos.

Paxi Canto Moniz, de 42 anos, cria os filhos sozinha mas sente-se abençoada pela vida. “Sou uma mulher feliz”, afirma com um sorriso cheio de energia enquanto olha enternecida para o filho mais novo cuja deficiência só lhe dá força e coragem. Muita coragem.

A sua família é maioritariamente constituída por homens?

Irmãos, filhos, afilhados, são todos homens. Marido não tenho. Estou em estado TTT, mas não revelo a ninguém o que significa. (risos)

Já passou os 40 anos. Sente-se bem com a idade?

A idade tem sido minha amiga, aprendi aos 40, aquilo que não quero mesmo para mim… o que quero às vezes ainda tenho dúvidas.

Como se define?

Sou uma pessoa com mundo que desfruta como ninguém as coisa simples da vida, penso ter um dom que é o da alegria, tenho adoração por viajar, escrever, ler e fotografar. Sou muito comunicativa e tenho uma maneira muito própria de estar na vida.

Aproveita esse seu talento para fazer trabalho de relações públicas?

Sei muito bem comunicar com as pessoas embora seja uma pessoa muito solitária no meu dia a dia. Gosto de sossego e de paz e adoro andar com a minha máquina fotográfica de um lado para o outro.

A fotografia geralmente está associada a um ato solitário e ao gosto pela natureza. Onde é que a noite entra?

Costumo dizer que não trabalho na noite, trabalho sim no Tamariz e Jezebel porque são casas únicas e quem as explora é o meu irmão e os meus grandes amigos Gonçalo Barreto e Ana Paula. Desde há 8 anos que todos os anos são melhores. É um fenómeno!

Vai lá todos os dias?

Não. Só às sextas e aos sábados. Tento apoiar o máximo possível para que aquilo dê certo e tem sido um sucesso enorme. Recebo as pessoas de braços abertos e faço tudo para que se sintam o melhor possível. Acho que conseguimos transmitir aos nossos clientes o espírito de família, somos a segunda casa de quem quer sair das suas para passarem momentos fantásticos.

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É por isso que se sente tão confortável nas discotecas?

Sem dúvida! Sinto ser a pessoa mais protegida por todos, além que eu entro mais cedo e saio mais cedo, depois tenho o Francisco Bordalo que me apoia e segue a noite…

A fotografia é a sua grande paixão?

A fotografia sempre foi uma paixão, mas quem descobriu o meu talento foi o Duda Mendonça, marketeer e publicitário brasileiro, que está a fazer a campanha do Pingo Doce. Fui passar uma semana à fazenda dele e fiz um álbum digital. Quando ele viu, ficou tão agradavelmente surpreendido que me convidou para trabalhar para ele.

E acabou por fazer uma campanha política?

Estava a começar a campanha da Dilma no Brasil, e ele fez-me uma proposta irrecusável. E lá fui eu. Fiquei quatro meses a percorrer todos os cantos e recantos do Brasil e foi a maior aventura da minha vida. Fotografei dezenas de governadores, senadores e candidatos de todos os estados. Foi uma experiência absolutamente fantástica.

Fazia as fotografias para os cartazes?

Não, fiz o making of da campanha. Tenho fotografias dos candidatos a serem maquilhados, a mudar de roupa, no meio do povo, nos comícios… Enfim, uma reportagem fantástica que quero divulgar em Portugal.

Vai continuar a investir no seu trabalho de fotógrafa?

Com certeza. Acabo de ser convidada para fazer uma exposição em Luanda, onde acabarei, seguramente, por fotografar políticos e personalidades angolanas.

O que mais gosta é de fotografar pessoas?

Gosto de fotografar pessoas e gosto muito de dar a minha luz a coisas que são banais. Acabo de fazer parte de uma exposição colectiva no Atrium Saldanha e também entrei num concurso internacional da Art Foto. Dizem que eu tenho uma cor especial nas fotografias… mas é como trabalhar no Tamariz e no Jezebel, tudo o que eu gosto de fazer, faço com alma.

Aqui o seu trabalho ainda não é muito conhecido?

Mas espero que o meu trabalho seja reconhecido em Portugal.

Gosta mais de fotografar na rua ou em estúdio?

Na rua. E tenho uma particularidade: não tiro fotografias feias a pessoas feias. Ninguém é feio, todos têm uma característica, um sorriso, toda a gente tem alma e eu consigo captar essa alma e pôr as pessoas bonitas, assim como não tiro fotografias de pessoas tristes. Tem de ser tudo com muita alegria.

Com quem fica o seu filho mais novo quando viaja ou quando vai trabalhar à noite, aos fins de semana?

Fica com a minha mãe, que é uma mulher fantástica e sem ela nada seria possível. Quando viajo, o pai (o hoquista Filipe Gaidão) também vai buscá-lo. Não consigo estar presa, sou galinha de campo. (risos)

Tem só irmãos?

O facto de ter quatro irmãos adoráveis fez com que não me intimidasse com nada.

O seu filho Sebastião fez de si uma pessoa melhor?

O Sebastião virou a minha vida do avesso. Hoje em dia não me importo com qualquer coisinha... Vejo as coisas de uma forma completamente diferente e sei que a melhor riqueza que podemos ter é saúde e amor. Desde que o meu filho tenha isso não preciso de mais nada na vida.

Está mais resistente ao sofrimento?

Para me causarem sofrimento é preciso muito! Já tive a minha dose e isso deu-me uma estaleca enorme para o resto da vida. Dificilmente voltarei a passar por grandes desgostos e sofrimentos.

O optimismo ajuda?

Obviamente, eu consigo tirar sumo até das coisas menos boas! Tudo o que faço é para me sentir mais feliz e poder passar isso aos meus filhos; com o trabalho e as fotografias posso dar melhores terapias ao Sebastião, e proporcionar-lhe melhor qualidade de vida. É isso que dá sentido à minha vida: a família e o sorriso que os meus filhos trazem na boca.

Texto: Palmira Correia