Dona dos cabeleireiros Maria Lourenço, nos centros comerciais Twin Towers e Aqua Roma, a empresária acaba de diversificar a sua actividade com o negócio de papelarias.

“Parecem ramos diferentes mas têm muitos pontos em comum”, assegura Maria João Lourenço, mãe de dois rapazes, um enfermeiro em Londres e outro a terminar o curso de Marketing.

A sua actividade empresarial começou há quantos anos?

Em 1989, altura em que abri o meu primeiro salão. Agora já não trabalho como cabeleireira, estou envolvida na gestão e administração das empresas. O volume de negócios e o número de colaboradores, cerca de 50, obriga-me a estar a tempo inteiro à frente das empresas.

Foi a sua mãe, que também é cabeleireira, que lhe passou o gosto por esta actividade?

Exactamente. Quando abri o meu primeiro cabeleireiro, a minha mãe, Ida Marques, também tinha dois salões em Lisboa, e foi com ela que dei os primeiros passos como profissional.

Como foi o seu percurso?

Quando acabei o liceu, fui trabalhar com a minha mãe. Depois casei-me aos 20 anos, fui mãe um ano depois e, com 24 anos, tive o segundo filho, altura em que abri o meu primeiro cabeleireiro na zona oriental de Lisboa. Cerca de 17 anos depois surgiu a oportunidade de abrir um espaço nas Twin Towers, e, entretanto, fui convidada para fazer parte de um projecto internacional, e abri o Instituto Kerastase em Portugal.

É a imagem da Kerastase em Portugal?

Há oito anos no Centro Comercial Aqua Roma.
No ano passado decidiu diversificar a sua actividade?
Convidaram-me para abrir uma papelaria no Centro Aqua Roma e aceitei. Três meses depois fui convidada por outro centro comercial, por isso, no espaço de um ano, já tenho duas papelarias.

As papelarias também têm o seu nome?

Não. São conceitos diferentes e chamam-se Vi Roma.
Como se inteirou desta área de actividade?
Tive de me adaptar e cresci muito com este negócio.

Toda a gente de queixa que a altura não é boa para os negócios. Os seus correm bem?

Temos de aproveitar estas situações porque crise também é igual a oportunidade. Temos de ponderar mas não podemos parar. O mais importante é fazer com que as coisas funcionem. E felizmente tem corrido bem.

As pessoas também se queixam que os cabeleireiros estão em crise. Os seus estão bem de saúde?

Estão. E isso tem a ver sobretudo com a nossa forma de trabalhar. Nós trabalhamos de uma forma diferente e isso faz com que os nossos clientes continuem a ir ao espaço com a mesma regularidade.

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Os seus cabeleireiros são mistos. Isso obriga a uma maior especialização das suas profissionais?

As minhas cabeleireiras quando vêm trabalhar para a minha empresa têm de se especializar. Têm de ter carteira profissional e muita formação, e têm, sobretudo, de se adaptar à minha forma de trabalhar. E só assim é que ficam a trabalhar comigo.

Passa todos os dias nos dois cabeleireiros?

Passo todos os dias nas quatro lojas. É fundamental estar atenta às coisas.
Sente-se gratificada com a sua actividade profissional?
Sinto porque é muito bom lidar com pessoas. É o que eu mais gosto porque se cresce imenso neste contacto humano diário. E trabalhar com os colaboradores é muito bom. Tenho pessoas a trabalhar comigo há muitos anos porque eu inovo muito, quase todos os meses há qualquer coisa diferente, e motivo-os imenso.

Viaja com eles?

Com muita regularidade. Vamos a formações ao estrangeiro e isso é muito importante para estarem sempre actualizados. E informo-os de tudo o que se passa no salão: se estamos com melhores ou piores resultados e discutimos juntos o que poderemos fazer para melhorar. Os colaboradores são as pessoas mais importantes dos meus espaços! Para ter clientes satisfeitos tenho de ter colaboradores satisfeitos.

Esta actividade exige uma actualização permanente. É isso que faz nas suas viagens de formação fora do país?

Fora e em Portugal. Todos os meses temos formação porque todos os meses há um produto novo ou uma técnica nova e temos de estar sempre actualizados.

Gosta de moda?

Gosto muito. E, ao contrário do que as pessoas pensam, não são só os cabeleireiros que têm uma actividade feminina, as papelarias também. Costumo dizer que não tenho uma papelaria, mas sim uma boutique de papel, porque o meu conceito é diferente.

Vende mais coisas?

Tenho artigos que a maioria das papelarias não tem. Não me dedico só às revistas e aos jornais, também me dedico aos gifts de grande qualidade. Nesta actividade também existem muitas feiras no estrangeiro e apresentações de novos produtos nos hotéis. É uma área que também tem muito a ver com a beleza: desde a forma como se fazem as montras até à decoração da loja. E fico muito feliz quando alguém me diz que qualquer uma das minhas lojas poderia estar no estrangeiro.

Consegue fazer férias fora e descontrair?

Consigo. Tenho essa capacidade também porque confio inteiramente nas pessoas.

Ainda quer crescer mais enquanto empresária?

Quero abrir um terceiro espaço de cabeleireiro com um conceito diferente e mais adaptado aos novos tempos: um projecto mais direccionado para os jovens com preços diferentes.

Simultaneamente criou dois filhos. O que fazem eles?

O mais velho é enfermeiro e está em Londres. Foi convidado para trabalhar lá no hospital assim que terminou o curso aqui. O mais novo termina o curso de Marketing e Publicidade daqui por três semanas.

Foi sempre uma mãe presente, ou o trabalho afastou-a dos filhos?

Não. Sempre privilegiei o papel de mãe, por isso só comecei a crescer profissionalmente quando o meu filho mais velho já tinha 17 anos. Nunca trabalhei aos domingos quando os meus filhos eram pequenos e sempre lhes dei muito apoio. Sou, como a maioria das mulheres, mãe, dona de casa e profissional.

Qual é o seu próximo desafio?

Fui convidada pelo ISLA a dar aulas numa licenciatura de Consultoria de Imagem.

Texto: Palmira Correia