Foi advogada, e a primeira mulher a fazer coaching em Portugal. É professora universitária, e escreve livros.

Em casa tem 4 filhos entre os 17 e os 22 anos que são a sua prioridade mas não concebe a vida sem projectos. Acaba de apresentar o seu segundo livro, "50 Segredos de Coaching para Portugueses", e revela que o melhor do seu trabalho é ajudar os outros a brilhar!

Foi a primeira pessoa a fazer coaching em Portugal?

É verdade. Comecei em 2002 embora só tenha criado a empresa MDB – Coaching e Gestão de Imagem Lda. em 2008.

Mas antes disso fez parte da Associação Portuguesa das Mulheres Empresárias?

Sou associada da APME e até fiz parte da direção.

As mulheres levam a vantagem nas universidades…

A média é numa turma de 40 haver 30 mulheres. Daqui por uma geração as mulheres vão estar mesmo em todo o lado, até porque são mais empenhadas e competitivas.

Conhece bem o mundo empresarial português?

Muito bem. Por isso em 2008 senti necessidade de criar a minha empresa de coaching a MDB. Porque em boa verdade eu sou licenciada em Direito e exerci durante alguns anos a advocacia. Só não continuei por indisponibilidade e porque o exercício da advocacia para ser bem feito deve ser em exclusividade.

Trabalhou em que escritório?

Com o meu marido que também é advogado. Tenho quatro filhos, o Miguel com 22 anos, os gémeos Pedro e Bernardo com 19, e a Mafalda com 17. Quando o meu filho mais velho nasceu já exercia advocacia. Mas depois de nascerem os gémeos senti necessidade de alterar a minha vida. Aceitei um convite que me deixou muito feliz: fui professora no Instituto Superior de Novas Profissões, onde leccionei durante 10 anos.

Que aulas deu ao longo desses 10 anos?

Fui professora de Técnicas de Expressão Oral e Escrita, de Direito e de Protocolo empresarial.

E tomou-lhe o gosto?

Completamente até porque gosto muito de ensinar, mas a prioridade foi compatibilizar os meus horários com os dos meus filhos. Ou seja, virei-me para o ensino por gosto mas também para poder conciliar profissão e família. A partir dos dois, três anos os meus filhos iam para o colégio e eu ia dar aulas. Quando eles estavam de férias, eu também estava.

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Foi óptimo para poder acompanhá-los?

De facto, acompanhei muito os filhos. Foi muito intenso mas ao mesmo tempo muitíssimo gratificante.

O que é que o coaching lhe tem ensinado?

Que só deve recorrer a um coach quem tem vontade de crescer e mudar realmente a vida.

É por egoísmo que as pessoas não partilham as suas experiências?

Pode dizer que até há um egoísmo saudável, porque há pessoas que passam o tempo a viver a vida dos outros e acabam por ficar para último. O pior é que chegam a uma certa idade e concluem que a vida delas não foi nada.

O coaching é mais virado para a parte profissional?

O coaching trabalha tudo, a carreira e a vida pessoal. Na parte profissional as pessoas vêm preparar-se para conseguirem a promoção, para passarem à acção. Com a liderança vêm os receios e as hesitações. São os medos que as pessoas não conseguem partilhar com mais ninguém, às vezes nem com o marido ou a mulher.

A competitividade está presente em todo o lado?

O sucesso virou obsessão mas, na verdade, é efémero. Há muitos tipos de felicidade e de realização pessoal.
E na vida pessoal quais são as motivações das pessoas para procurarem coaching?
Aparecem muitas pessoas insatisfeitas com a vida. Vão ter comigo e procuram desesperada-mente uma orientação.

Recebe as pessoas individualmente?

Sim. Geralmente as pessoas vêm recomendadas por alguém e tudo o que se passa durante as sessões é absolutamente sigiloso.

Acaba de lançar o livro “50 Segredos de Coaching para Portugueses” em que conta vários casos. Já lhe aconteceu dizer a alguém que não precisa do seu acompanhamento?

Não é inédito. Nesse caso posso recomendar um psicólogo ou outro especialista.
Qual é a diferença entre uma sessão de coaching e uma consulta com um psicólogo?
O coach não faz diagnósticos. Só lhe interessa a situação atual e apontar alternativas. O traba-lho do coach é delinear um plano de ação. Ou seja, o coaching trabalha exclusivamente o presente e o futuro e serve-se de muitas ferramentas para perceber o que é melhor para cada pessoa ou situação.

Aprende-se imenso sobre relações humanas neste tipo de trabalho?

Costumo dizer que tenho o privilégio de aprender ao vivo com as pessoas.

Para ajudar os outros também é preciso ter muita experiência de vida?

Sem dúvida, não se pode fazer este trabalho sem prática. Até porque o que é bom para uma pessoa pode não o ser para outra.

É mais procurada por homens ou por mulheres?

Sensivelmente igual. O que é curioso é que as pessoas chegam com muitos desejos mas sem nenhuma estratégia. Algumas estão dispostas a começar do zero, outras não. Para essas tento encontrar uma solução de meio-termo.

O que a ocupa mais, o coaching ou as aulas?

Cerca de 50 por cento cada.

Também é presença assídua na televisão.

Sou convidada para vários programas porque o coaching começa a chamar a atenção. Acho que já estive em quase todos os programas de televisão e também escrevo na imprensa.

O livro aparece por sua iniciativa ou foi a editora que a convidou?

Fui eu que sugeri. Há um ano saiu o “Top 10 dos Negócios”, e agora os “50 Segredos de Coaching para Portugueses”.

Está muito tempo ocupada?

Estou, mas não concebo a vida sem projectos.

A crise leva as pessoas a recorrer mais ao coaching?

Muito mais do que podemos pensar. É nestas alturas que as pessoas necessitam mais de orientação.

Gosta mesmo do que faz?

Adoro e, sem falsas modéstias, sinto que sou boa nisto. O melhor é mesmo conseguir ajudar os outros a brilhar e eu gosto que as pessoas brilhem.

Texto: Palmira Correia