Terapeuta na área da massagem, Manuela Soares reencontrou uma vocação aos 40 anos que a enche de prazer e satisfação: é formadora na sua própria escola em Algés e orgulha-se de ter dado a volta à vida em várias situações.

Dá aulas de massagens há quantos anos?

Na área profissional há cerca de nove anos.

Foi sempre massagista?

Não. Tive um percurso profissional em áreas completamente diferentes e dei a volta à vida em várias situações. Quando era jovem interrompi os estudos porque me casei e tive duas filhas e, como muitas mulheres naquela altura, dediquei-me exclusivamente às minhas filhas.

Qual foi o seu primeiro trabalho?

Fiz de tudo um pouco: dei explicações em casa enquanto elas eram mais pequeninas e depois fui agente comercial durante alguns anos. Logo a seguir ao 25 de Abril era uma forma de se trabalhar porque as coisas nessa altura estavam muito difíceis e não havia empregos – era uma crise como a que estamos a atravessar agora e, por isso, trabalhei em várias áreas dentro de diversas empresas.

Também se dedicou às artes?

A partir de um determinado momento dediquei-me ao artesanato e também dei formação em artes decorativas. Durante alguns anos fiz artesanato numa empresa familiar juntamente com o meu marido.

Desistiu porquê?

A via criativa é muito bonita mas a nível comercial é muito complicada. Gostava tanto desta área criativa que tirei um curso e pintava a óleo, pintava porcelana e trabalhava em estanho. Fiz muitas exposições no país inteiro mas, a partir de uma certa altura, as coisas deixaram de correr bem e foi preciso dar novamente a volta à situação.

Aí voltou-se para as massagens?

Como gostava muito desta área das terapias, fui novamente fazer formação e fiz especificamente uma formação em massagem terapêutica. A escola onde tirei um dos cursos convidou-me para ficar lá a dar formação e acabei por ficar sete anos.

Até que abriu a sua própria escola?

Desde o inicio do ano que decidi dedicar-me a 100 por cento a este projeto.

A empresa é sua?

Sim. Começou por ser uma Associação, que criei há cerca de um ano e meio com uma ex-aluna, e que tinha como base defender os direitos dos massoterapeutas.

O que é um massoterapeuta?

É um massagista terapêutico que não tem carteira profissional. Já há reconhecimento mas não há regulamentação. São atividades profissionais que pagam impostos, registam-se nas finanças como tal, mas não têm carteira profissional. Em Portugal só existe o massagista de estética com carteira profissional, o terapêutico não tem.

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Para além da divulgação qual foi a sua prioridade quando abriu a sua escola?

Iniciámos com o Reiki, uma prática cada vez mais corrente. Defendo que o ser humano não é só físico, temos a parte mental e a parte espiritual, ou seja, acredito muito nas terapias holísticas, isto é, o ser humano no seu todo: corpo, espírito e mente.

Hoje em dias as pessoas estão mais disponíveis para as terapias alternativas?

Até os médicos reconhecem que a maior parte das nossas doenças são psicossomáticas. Isto é, a nossa cabeça vai formatando, os registos das nossas células vão-se alterando, e a doença aparece.

Isto é a filosofia oriental.

Há milhares de anos que é assim. Os orientais defendem que nós temos de trabalhar o equilíbrio energético para estarmos saudáveis. E isto é o que as terapias alternativas, de uma certa forma, defendem.

Em Portugal esta filosofia tem muitos seguidores?

Portugal ainda está preso aos conceitos mais tradicionais, muito embora as pessoas sejam muito recetivas a estas terapias. O problema é a falta de comparticipação. As pessoas têm de as pagar na totalidade e a maioria não tem essa possibilidade.

Qual é a saída profissional dos massoterapeutas que prepara na sua escola?

Os que fazem o curso de massoterapia e técnicos auxiliares de fisioterapia saem daqui preparados para trabalhar nos centros de fisioterapia.

São os profissionais que trabalham com os aparelhos?

Essencialmente essas mas, infelizmente, é uma carreira que não está regulamentada. O fisioterapeuta sim, mas esse trabalha ao nível da recuperação.

Mas também forma massagistas de relaxamento, aqueles que fazem massagens de SPA.

Formo porque também fiz formação para isso: massagem geotermal (com pedras quentes), com bambus, com velas, com pindas, ayurvédica, massagens com uma vertente de relaxamento, embora eu defenda que o relaxamento também é terapêutico.

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Tem corrido bem?

A crise é muito grande e ainda estou a começar mas, durante todos estes anos que fui formadora, tive sempre as turmas cheias de alunos.

Qual é o seu principal objetivo?

Qualidade acima de tudo. A formação que dou aqui é mais personalizada. As turmas são relativamente pequenas e isso faz toda a diferença.

Que tipo de pessoas procuram a sua escola?

Pessoas de todas as idades, sobretudo mulheres, com razões e motivações completamente diferentes.

Os cursos demoram quanto tempo?

Depende. Há cursos de três meses, como a Massagem do Bebé, até cursos de um ano como a Massagem Terapêutica. Na grande maioria dos casos, os outros cursos são de cinco meses.

Qualquer pessoa pode vir aqui fazer massagem?

Pode. Temos dois gabinetes de atendimento ao público.

Quem dá os cursos?

Sou eu e um conjunto de formadores.

Está feliz com a mudança de vida?

Completamente. O caminho só podia ser este. Não quer dizer que não tenha gostado de tudo o que fiz antes, ajudou-me a crescer e foi muito gratificante. Mas hoje em dia não me vejo a fazer mais nada.

Para além do trabalho, que mais lhe dá prazer?

Desenvolvo com o meu marido as minhas capacidades energéticas com o Reiki, adoro ler, e divirto-me com a minha cadela e os meus dois gatos.

Texto: Palmira Correia